A 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), que acontece em Belém, no Pará, entrou na semana decisiva com a participação direta de ministros dos países. O objetivo é fechar os acordos por consenso, conforme exige o processo negocial, para guiar as ações climáticas no próximo período.
Apesar dos avanços nos rascunhos técnicos, a conferência enfrenta impasses cruciais. Na noite de domingo (16), um resumo das consultas da presidência da COP destacou quatro itens que ainda não obtiveram aclamação: o apelo por ampliação das metas climáticas (NDCs), e o financiamento público de nações desenvolvidas para países em desenvolvimento.
Meta Global de Adaptação segue incerta
Um dos principais resultados esperados da COP30, a Meta Global de Adaptação (GGA), segue sem consenso em torno de uma proposta. O tema da adaptação, embora tenha um rascunho com 100 indicadores finalizado por técnicos, enfrenta resistência política.
O Grupo Africano, que representa 54 países, e nações árabes defendem que o trabalho técnico seja estendido por mais dois anos, postergando a decisão final para 2027.
Fernanda Bortolotto, especialista em Política Climática da The Nature Conservancy Brasil, explica que o rascunho será discutido em nível ministerial para verificar a possibilidade de se adotar os indicadores da GGA até o fim da COP. O debate visa estabelecer indicadores globais para monitorar o avanço dos países em ações de adaptação e resiliência.
Falta de referências concretas
Especialistas avaliam que o documento técnico da COP30 reflete o panorama das negociações, exaltando o multilateralismo e a necessidade de avançar da transição para a implementação do Acordo de Paris.
Contudo, a ausência de referências concretas a caminhos que levem a mais ação dos países acende um sinal de preocupação.
Segundo Fernanda Bortolotto, “não traz nada sobre os mapas do caminho tanto para zerar desmatamento quanto para fazer a transição para longe dos combustíveis fósseis”. A especialista Anna Cárcamo, do Greenpeace Brasil, reforça que “precisamos de mais pressão para que sejam acordados encaminhamentos claros que iniciem os processos para os ‘mapas do caminho’ para o fim do desmatamento e dos combustíveis fósseis”.
Ministros assumem o palco
A expectativa é que o segmento político de alto nível, iniciado nesta segunda-feira (17), dê a tração necessária. A segunda semana é reservada aos chefes de delegações, como ministros, que possuem maior margem política para negociar os textos.
Na plenária, o vice-presidente Geraldo Alckmin, presente em Belém, reforçou que o objetivo do governo brasileiro é implementar mapas de ação com avanços na transição energética e na erradicação do desmatamento ilegal.
Além dos pontos cruciais, a conferência discute o Fundo de Adaptação (AF), os Planos Nacionais de Adaptação (NAPs) e o tema da Transição Justa.








































