Se os orçamentos públicos não forem delituosamente canalizados e espoliados pela degeneração moral do poder hegemônico privado e estatal, talvez a derrocada humana não caia em descalabro
A sua virtuosidade inenarrável com seus encantos e encantarias, renasce fenomenologicamente na essência da alma que nos inspira a escrever com o prazer inefável dos sentidos.
A casa (Xumitxa) Kaxarari precisa continuar preservada com toda a sua magnitude e exuberância, adormecida sob a proteção divinal do poderoso Deus Tsurá.
Para o filósofo alemão Martin Heidegger “na hermenêutica configura-se ao ser aí como uma possibilidade de vir a compreender e de ser essa compreensão”.
Nessa peculiar relação com o mundo há um encantador prazer dos sentidos, uma fé e exaltação das divindades mitológicas que preenche de forma sobrenatural a alma das coletividades do lugar.
Dardel nos alerta que a paisagem não é, em sua essência, feita para se olhar, mas a inserção do homem no mundo, lugar de um combate pela vida é a manifestação do seu ser.
Essas minorias sociais marginalizadas são visivelmente arrebatadas pelo ódio, sofrem com o descalabro anunciado, convivem cotidianamente numa espécie de gólgota, e continuam sendo tenebrosamente segregadas por um poder dominante tacanho e ominosamente desregrado, mas esse poder, ao mesmo tempo, teme, com o fortalecimento dessas minorias, através da complementaridade de suas forças sociais.
Para as populações ribeirinhas da Pan-Amazônia, o desenvolvimento sustentável está sendo brutalmente arrancado de suas almas e de seus modos de vida tradicionais.
Ela é a fonte da vida, é de onde os homens saem, assim como todos os seres e os contrários que eles vigiam durante toda a sua vida, é fonte das relações e das obrigações filiais.
O homem ribeirinho vive a metamorfosear o seu desmesurado mundo, e com a sua encantatória empatia, ele transcende o seu pensamento diante da magnitude ancestro-cosmogônica que alça voo na peculiar linguagem de sua cultura e de sua generosa alma.
O mesmo autor nos esclarece que isso é existencial e ontológico, mas é também econômico e social, pois em toda parte estamos presos em maior ou menor grau nas forças neoliberais e da globalização.
É nesse embelecido espaço de ação que o ente ribeirinho vai em suas espacialidades e temporalidades, apropriando-se das coisas e utensílios do lugar, para cotidianamente preencher o seu ontológico ser.