Na beira do rio também mora a imaginação, um imaginário indissociável dos devaneios poéticos e das apropriações simbólicas do ser em estesia. Para João de Jesus Paes Loureiro, o pensamento simbólico atribui a fatos da natureza a condição de causa de fenômenos, unifica a pluralidade, no devir de um todo intimamente relacionado com realidade e imaginação.
O homem ribeirinho vive a metamorfosear o seu desmesurado mundo, e com a sua encantatória empatia, ele transcende o seu pensamento diante da magnitude ancestro-cosmogônica que alça voo na peculiar linguagem de sua cultura e de sua generosa alma.
O escritor Paes Loureiro nos diz que essa cultura é o campo de significação da arte como de tudo. Para o mesmo autor, a cultura é matéria em que o artista modela sua criação, uma vez que através dessa ambiência criada é que o homem vive e transforma a própria realidade.
O beiradeiro na sua sublime plurivalência, possui um peculiar sentimento de criação das coisas que briosamente fazem parte da sua vida material e imaterial. Essa suntuosa arte original são atividades que cotidianamente constituem os valores impolutos do seu espaço vivido.
A aventura dessa arte – conforme bem ressalta Paes Loureiro – não hesita diante de novos caminhos e absorve com avidez a incessante criação de novos objetos. O povo ribeirinho continua dando a volúpia demonstração de que é possível sobreviver sem agredir a natureza embelecida. Aqui tem gente!
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Aqui tem gente – parte VI