Os povos originários e tradicionais da floresta amazônica ou aqueles que lutam e resistem por um pedaço de terra para sobreviverem, infelizmente são historicamente hostilizados, resultando em números absurdos que alimentam as paginas hediondas da hecatombe humana em ascensão.
Essas minorias sociais marginalizadas são visivelmente arrebatadas pelo ódio, sofrem com o descalabro anunciado, convivem cotidianamente numa espécie de gólgota, e continuam sendo tenebrosamente segregadas por um poder dominante tacanho e ominosamente desregrado, mas esse poder, ao mesmo tempo, teme, com o fortalecimento dessas minorias, através da complementaridade de suas forças sociais.
Segundo Pablo Sólon – Escritor boliviano que serviu como embaixador da Bolívia nas nações unidas entre 2009 e 20011 – a complementaridade significa complementar-se e completar-se. É buscar construir um todo diverso, é dialogar entre diferentes, é aprender e contribuir com o outro, é reconhecer forças e fraquezas para integrar-se e transformar-se durante essa interação.
Pablo Sólon ainda nos alerta com a seguinte reflexão a respeito da complementaridade entre o bem viver:
“A complementaridade entre o bem viver, o decrescimento, os comuns, o ecofeminismo, os direitos da mãe terra, a desglobalização e outras propostas busca enriquecer cada um desses enfoques, criando interações cada vez mais complexas que ajudam no processo de construção de alternativas sistêmicas. O objetivo não é apresentar uma alternativa totalizante mas desenvolver múltiplas alternativas holísticas que se entrelacem e se articulem”.
Ao se articularem, os povos da floresta estarão evitando o dilaceramento de suas relações com a natureza, estarão mantendo o entranhamento imaculado com a terra mãe, estarão preservando as suas memórias coletivas, e estarão nos momentos de harmonia com a vida, fortalecendo o esplendor planetário e a sua colossal exuberância cósmica.
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Aqui tem gente – Parte IX