O presidente da Confederação Nacional de Agricultores Familiares (Conafer), Carlos Roberto Ferreira Lopes, foi preso sob acusação de falso testemunho durante a madrugada desta quarta-feira, 30 de setembro de 2025, em Brasília. A prisão ocorreu após o depoimento de mais de nove horas do executivo na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI do INSS), que investiga descontos ilegais em benefícios de aposentados.
A prisão de Carlos Roberto Ferreira Lopes foi solicitada pelo presidente da Comissão, senador Carlos Viana (Podemos-MG), depois que parlamentares o acusaram de mentir e entrar em contradição em seu depoimento. O presidente da Conafer havia sido convocado na condição de testemunha, o que o obrigava legalmente a dizer a verdade.
Acusações e liberação
O senador Carlos Viana justificou o pedido de prisão, alegando que o depoente “mentiu deliberadamente” e tentou convencer a CPMI de que as operações eram legais, quando, na verdade, configurariam lavagem de dinheiro dos aposentados. Entre as contradições apontadas, estavam informações sobre o aumento da arrecadação da Conafer, o ganho patrimonial pessoal de Lopes e a relação com sócios de empresas.
Segundo a assessoria de imprensa do Senado, Carlos Roberto Ferreira Lopes foi solto poucas horas depois, na mesma madrugada, na delegacia da Polícia Legislativa. A liberação ocorreu por volta das 4h da manhã, após o pagamento de R$ 5 mil de fiança.
Antes da detenção, Lopes negou qualquer participação em fraudes e sustentou que a confederação não é uma entidade fechada. A Conafer está entre as associações com o maior volume de descontos nas mensalidades de aposentados sob investigação. Entre 2019 e 2024, a arrecadação anual da entidade com descontos associativos teria saltado de R$ 6,6 milhões para mais de R$ 40 milhões.
Este é o segundo caso de prisão por falso testemunho na CPMI do INSS. A primeira detenção foi a do empresário Rubens Oliveira Costa, que também foi solto horas após a ordem de prisão.