O Brasil encerrou 2024 com um estoque de Investimento Estrangeiro Direto (IED) de US$ 1,141 trilhão. Este valor representa 46,6% do Produto Interno Bruto (PIB), uma nova marca histórica na série do Banco Central (BC). Em comparação, em 1995, o IED correspondia a apenas 6,1% do PIB.
Os dados foram divulgados pelo BC nesta sexta-feira (26) em Brasília, no Censo de Capitais Estrangeiros. O volume recorde mostra o crescente interesse e a maior ligação das empresas brasileiras com o exterior. A maioria delas, inclusive, é controlada pelos investidores estrangeiros.
“Tem 100% do capital ou tem o controle da empresa, mais de 50%”, disse o chefe do Departamento de Estatísticas do BC, Fernando Rocha. Ele ressalta que esses negócios tipicamente têm maior conteúdo exportado e importado.
Câmbio Reduz Valor Absoluto do IED
Embora o IED em relação ao PIB seja recorde, o valor absoluto do estoque no fim de 2023 era superior, chegando a US$ 1,3 trilhão. Fernando Rocha esclarece que essa redução é explicada pela variação cambial.
No Brasil, esses investimentos são feitos em reais e depois convertidos para dólar. Segundo Rocha, a taxa de câmbio passou de R$ 4,84 por dólar, no fim de 2023, para R$ 6,19 no final de 2024. “Essa depreciação cambial reduziu esse valor de Investimento Estrangeiro Direto, quando a gente expressa em dólares”, detalhou o economista.
Capacidade Produtiva e Maiores Investidores
O montante total de US$ 1,1 trilhão é dividido em duas partes principais pelo BC. A maior fatia, de US$ 884,8 bilhões, refere-se à participação no capital social das empresas. Os US$ 256,4 bilhões restantes são operações intercompanhia, ou seja, empréstimos entre as próprias empresas.
Rocha avalia o impacto positivo do capital: “O mais importante é o caráter tipicamente produtivo desse Investimento Estrangeiro Direto, aumentando capacidade instalada no país, contribuindo para crescimento de produtividade”.
Os Estados Unidos lideram o ranking dos países com maior investimento direto no Brasil. Em seguida, figuram França, Uruguai, Espanha e Países Baixos. Os setores de serviços financeiros, comércio, eletricidade e extração de petróleo somam 40% dessa posição de investimento.