O Brasil enfrenta um aumento preocupante nos acidentes com escorpiões, com reflexo direto no número de mortes. Somente em 2025, já foram registrados mais de 173 mil casos e mais de 200 óbitos, segundo dados oficiais. Em comparação, 2024 teve maior número de ocorrências, mas menos mortes, o que elevou a taxa de letalidade, que passou de 0,06 para 0,12.
Crianças e idosos estão entre os grupos mais vulneráveis, e a forma de agir após a picada pode ser decisiva para evitar complicações graves. Estudos recentes indicam que, entre 2014 e 2023, houve um crescimento de 155% nos relatos de picadas de animais peçonhentos, com destaque para os escorpiões. Em 2023, o país chegou a registrar 430 mortes, o maior número da série histórica do Ministério da Saúde.
A presença dos escorpiões nas áreas urbanas está associada à expansão das cidades, ao aumento das temperaturas e à oferta de abrigo e alimento, especialmente em locais com acúmulo de lixo e infestação de baratas. Nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste, a maior incidência ocorre entre setembro e fevereiro, enquanto no Norte e Nordeste os registros acontecem ao longo de todo o ano.
Os acidentes podem ser classificados como leves, moderados ou graves. A picada provoca dor intensa imediata, podendo evoluir para suor excessivo, vômitos e taquicardia. Em casos mais graves, há risco de insuficiência cardíaca, edema pulmonar e morte, principalmente quando o atendimento médico é retardado.
Em caso de picada de escorpião, especialistas orientam não usar pomadas, não fazer torniquete, não cortar nem sugar o local e não aplicar gelo. A recomendação é lavar a área com água e sabão, utilizar compressas mornas para aliviar a dor e procurar atendimento médico imediatamente, onde será avaliada a necessidade de aplicação do soro.
A prevenção é considerada a principal estratégia para reduzir os acidentes. Os escorpiões preferem ambientes quentes e úmidos e costumam se esconder em entulhos, redes de esgoto, ralos, tubulações e materiais de construção. O Instituto Butantan recomenda manter o lixo bem fechado, eliminar entulhos e folhas secas, vedar buracos em paredes e rodapés, manter ralos fechados e sacudir roupas e calçados antes de usar.
Especialistas alertam que escorpiões nunca devem ser manuseados diretamente. Caso seja necessário removê-los, o ideal é utilizar objetos longos, como um graveto ou pinça apropriada, e encaminhar o animal ao Centro de Controle de Zoonoses do município.
A rápida reprodução também contribui para o aumento da população desses animais. Um único escorpião pode gerar até 25 filhotes por gestação, com possibilidade de duas gestações por ano, e algumas espécies sequer precisam acasalar para se reproduzir, o que dificulta o controle em áreas urbanas.









































