O governo do Egito emitiu um dos seus mais severos avisos a Israel, declarando que o deslocamento em massa de palestinos da Faixa de Gaza para o território egípcio é uma “linha vermelha” que não será cruzada. A declaração foi feita pelo ministro egípcio dos Negócios Estrangeiros, Badr Abdelatty, em entrevista à CNN, na qual ele destacou que a medida colocaria em risco a soberania e a segurança do Egito.
Abdelatty afirmou que o país não irá “participar e nem permitir” a emigração em massa, pois acredita que isso seria um “bilhete só de ida” para os palestinos, levando à “liquidação” total de sua causa. O alerta surge em meio a rumores e propostas de realocação da população de Gaza, defendidas por autoridades israelenses e, no passado, por Donald Trump.
Negociações de paz e impasse
O ministro egípcio, cujo país media as negociações por um cessar-fogo e a troca de reféns, demonstrou ceticismo sobre a vontade de Israel de pôr fim à guerra. “Infelizmente, não temos um parceiro em Israel neste momento para a paz e a solução de dois Estados”, afirmou Abdelatty. Ele criticou ministros israelenses de extrema-direita que defendem a expansão do conflito e a saída dos palestinos.
Apesar do impasse, Abdelatty confirmou que as negociações continuam com a participação de Egito, Catar, Estados Unidos e Israel. Segundo ele, o Egito está “pronto para contribuir com qualquer força internacional que possa ser enviada para Gaza”, desde que haja uma resolução clara do Conselho de Segurança da ONU.
Crise humanitária
O Egito também tem pressionado Israel para permitir a entrada de ajuda humanitária em Gaza. Badr Abdelatty relatou que há milhares de caminhões de ajuda retidos na fronteira egípcia, aguardando autorização israelense para prosseguir. A Anistia Internacional já acusou Israel de conduzir uma “campanha deliberada de fome” no enclave palestino, com o objetivo de minar a vida e o bem-estar da população.
Apesar de ser a primeira nação árabe a reconhecer Israel em 1979, o Egito tem reiterado que respeita seus compromissos no tratado de paz, mas que não permitirá que a crise em Gaza ameace a segurança nacional do país.