O governo do Reino Unido informou, nesta terça-feira, 29 de julho de 2025, que irá reconhecer o Estado da Palestina até setembro deste ano. Essa decisão será implementada caso Israel não aceite condições para aliviar o sofrimento dos civis na Faixa de Gaza. O governo de Tel Aviv, por sua vez, é contra a criação de um Estado palestino.
Pressão Crescente Sobre Israel
A declaração britânica ocorre cinco dias após a França anunciar que também reconhecerá o Estado da Palestina na Organização das Nações Unidas (ONU) em setembro. Com isso, Reino Unido e França podem se tornar as primeiras potências ocidentais a fazerem tal reconhecimento.
O primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, afirmou que a decisão foi tomada hoje pelo gabinete. Ele destacou a urgência da situação humanitária em Gaza. “Em Gaza, devido a uma falha catastrófica na ajuda humanitária, vemos bebês famintos, crianças fracas demais para se manterem em pé, imagens que permanecerão conosco por toda a vida. O sofrimento precisa acabar”, disse Starmer.
Condições para Evitar o Reconhecimento
Keir Starmer apresentou as seguintes condições ao governo de Benjamin Netanyahu para evitar o reconhecimento do Estado da Palestina:
Que o governo israelense tome medidas substantivas para pôr fim à terrível situação em Gaza.
Que concorde com um cessar-fogo e se comprometa com uma paz sustentável de longo prazo, “reavivando a perspectiva de uma solução de dois Estados”.
Que permita à ONU distribuir ajuda humanitária nos territórios palestinos ocupados.
Que deixe claro que não haverá anexações na Cisjordânia.
Apesar dessas exigências a Israel, Starmer reiterou a mensagem ao Hamas: “Eles devem libertar imediatamente todos os reféns, assinar um cessar-fogo, desarmar-se e aceitar que não participarão do governo de Gaza”.
Reação de Israel e Contexto Internacional
Atualmente, mais de 140 dos cerca de 190 países-membros da ONU já reconhecem a Palestina como Estado, incluindo o Brasil, que o fez em 2010. Na Europa, apenas Eslovênia, Suécia, Espanha, Irlanda e Noruega reconhecem a Palestina.
O governo israelense, por meio de nota, criticou a declaração do primeiro-ministro britânico. “A mudança na posição do governo britânico neste momento, após a ação francesa e as pressões políticas internas, constitui uma recompensa para o Hamas e prejudica os esforços para alcançar um cessar-fogo em Gaza e uma estrutura para a libertação de reféns”, afirmou o Ministério das Relações Exteriores de Israel.
Com o anúncio do Reino Unido, a pressão internacional sobre Israel aumenta para que assine um cessar-fogo e permita a entrada desimpedida de ajuda humanitária na Faixa de Gaza. A Organização das Nações Unidas (ONU) afirma que Israel está usando a fome como arma de guerra, uma acusação que o governo de Netanyahu nega, apesar das evidências e do reconhecimento da fome em Gaza por aliados como Donald Trump. Nesta terça-feira, a marca de mais de 60 mil palestinos assassinados em Gaza foi atingida desde o ataque do Hamas em 7 de outubro de 2023.