De 17 a 26 de novembro de 2025, o Quilombo Forte Príncipe da Beira, em Costa Marques (RO), será palco do evento A Terra é Meu Quilombo, uma iniciativa que une pesquisa arqueológica, educação patrimonial e saberes tradicionais para fortalecer a identidade e o território da comunidade.
O projeto promove uma imersão colaborativa envolvendo moradores e moradoras do quilombo, pesquisadoras da Universidade Federal de Rondônia (UNIR) e da Universidade Federal de Sergipe (UFS), além de parceiros locais. Entre as atividades previstas estão escavações arqueológicas comunitárias, oficinas e rodas de conversa, com participação direta dos quilombolas.
Arqueologia como ferramenta de resistência
O objetivo do evento vai além da pesquisa acadêmica: utiliza a arqueologia como instrumento de luta e fortalecimento identitário. A abordagem adotada é decolonial e antirracista, promovendo o diálogo horizontal entre o conhecimento científico e os saberes tradicionais da comunidade.
“Não estamos apenas procurando fragmentos do passado. Estamos desenterrando as provas materiais da nossa longa existência aqui, resgatando uma história que foi sistematicamente apagada. Cada fragmento encontrado no nosso quintal é um fio que tece a narrativa da nossa resistência e fortalece o nosso direito a esta terra”, afirma Lulu, presidente da Associação Quilombola do Forte Príncipe da Beira (ASQFORTE).
Programação aberta à comunidade
O evento também contará com atividades abertas ao público, como:
- Oficinas de Audiovisual “Nós por Nós Mesmos”: jovens quilombolas serão capacitados para produzir documentários contando sua própria história.
- Círculo de Mulheres “A Força que Vem da Terra”: espaço seguro para debater o papel das mulheres na defesa do território.
- Cine-Diálogo no Dia da Consciência Negra (20/11): exibição de filmes seguida de debate sobre resistência e cultura negra.
- Criação do “Mapa da Memória”: painel coletivo integrando achados arqueológicos com histórias de vida e lugares sagrados da comunidade.
Quilombo Forte Príncipe da Beira: história e resistência
O Quilombo Forte Príncipe da Beira foi formado no século XVIII por africanos e africanas escravizados, indígenas e pessoas fugidas de outros quilombos da região, como o Quilombo do Piolho. Localizado às margens do Rio Guaporé, na fronteira com a Bolívia, é um dos nove territórios quilombolas reconhecidos pela Fundação Palmares em Rondônia.

A comunidade preserva práticas tradicionais de agricultura itinerante, pesca, coleta e saberes ancestrais, mantendo viva a memória da resistência à escravidão e a luta pela titulação de suas terras. O evento A Terra é Meu Quilombo reforça essa trajetória e evidencia a importância do quilombo como guardião da história afro-brasileira na Amazônia.





































