A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do INSS realizou nesta quinta-feira (27) o depoimento de Mauro Palombo Concílio, contador de empresas suspeitas de terem se beneficiado de recursos milionários vindos de descontos indevidos em benefícios de aposentados e pensionistas do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).
Depoimento e Estrutura Contábil
Mauro Palombo, que reside nos Estados Unidos, viajou ao Brasil como testemunha e relatou que foi contratado em dezembro de 2022 para abrir quatro empresas que receberiam mensalidades associativas de beneficiários. Ele assumiu a contabilidade em janeiro de 2023, período que coincide com um aumento acentuado nas cobranças não autorizadas, com o INSS cancelando 420.837 cobranças por não reconhecimento em 2023. O contador estimou ter recebido cerca de R$ 2 bilhões pelos serviços em um ano.
Confrontado sobre lavagem de dinheiro, Mauro Palombo negou ter percebido indícios do crime ou a necessidade de comunicar o Coaf (Conselho de Atividades Financeiras). Ele afirmou que não desconfiou das movimentações financeiras.
No entanto, o relator da CPMI, deputado Alfredo Gaspar (União-AL), responsabilizou Palombo pela estruturação: “Esse dinheiro, R$ 794 milhões, passou pela estrutura contábil do senhor.”
Ligação com Investigados
O contador admitiu ter entre seus clientes investigados pela CPMI e pela Polícia Federal por suspeita de lavagem de dinheiro:
Virgílio Antônio Ribeiro de Oliveira Filho, ex-procurador-geral do INSS.
Thaisa Hoffmann Jonasson, esposa de Virgílio, suspeita de movimentar R$ 18 milhões do esquema.
Eric Douglas Martins Fidelis, advogado e filho do ex-diretor de Benefícios do INSS André Fidelis.
Igor Delecrode, ex-dirigente da Aasap (Associação de Amparo Social ao Aposentado e Pensionista), investigada por fraude em biometria.
João Carlos Camargo Júnior, o “alfaiate dos famosos”, por movimentações financeiras com investigados.
Palombo negou ter encontrado inconsistências contábeis nas contas dos clientes e afirmou só ter tomado conhecimento das identidades de supostos operadores do esquema, como Antonio Carlos Camilo Antunes (o “Careca do INSS”), após a operação da PF e o início da CPMI.
Crítica à Fiscalização
O presidente da CPMI, senador Carlos Viana (Podemos-MG), garantiu que o caso investigado é uma “organização criminosa muito bem organizada” e não um erro administrativo, que causou grande prejuízo a aposentados. Ele criticou a falha de órgãos de fiscalização como AGU, CGU, procuradorias e, especialmente, o Coaf, por não terem emitido alertas sobre a movimentação de bilhões de reais por empresas recém-fundadas.
A CPMI está na reta final da primeira fase, com as últimas duas sessões agendadas para 1º e 4 de dezembro, buscando que os trabalhos resultem em uma legislação mais segura.











































