Era início da madrugada desta quarta-feira (14) quando o atual presidente da Bolívia, o economista Luis Arce, divulgou por meio de seu Instagram oficial que, naquele momento, decidira retirar seu nome de uma possível corrida pela reeleição. “Num momento de determinação inabalável, ou defendemos nosso Estado Plurinacional e suas conquistas populares, ou através da divisão facilitamos o retorno da direita ao poder. Decidir firmemente apoiar o povo e continuar a contribuição à roda da história, de onde quer que eu possa continuar lutando. Todos os outros debates estão subordinados a isso”, disse.
A decisão de Arce em renunciar à reeleição tem por trás a sua queda de popularidade entre os bolivianos. Outro problema é a situação econômica, justamente pela fuga de dólares do país, escassez de combustível e os protestos, dos quais o próprio Arce acusa Morales de estar por trás das ações que tentam, de alguma forma, prejudicá-lo. “Hoje informamos firmemente ao povo boliviano minha decisão de recusar minha candidatura à reeleição presidencial”, afirmou.
Arce mirava as eleições previstas para agosto deste ano, inclusive, por diversas vezes se encontrou com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em busca de apoio internacional. O Partido do Movimento ao Socialismo (MAS) já havia decidido pela escolha de seu nome para o pleito, porém, nas pesquisas eleitorais da Bolívia, Luis surgia com apenas 1% das intenções de voto.
Agora, com a decisão de deixar a disputa, o economista de 61 anos abre caminho para o ex-presidente Evo Morales, que terá que bater de frente com o estreante Andrónico Rodríguez. Em 2020, Rodríguez foi o nome forte para disputar as eleições ao lado de David Choquehuanca, mas foi visto por Evo Morales jovem demais para ser presidente, o que ocasionou a escolha de Arce pelo partido ao lado de Choquehuanca, um Aymará.
Andrónico é o candidato de Luís Arce para disputar uma possível eleição contra Morales, que, caso entre no pleito, estará diante de seu quarto mandato à frente do Estado Plurinacional da Bolívia. “Proponho uma unidade mais ampla da esquerda, das organizações sociais e do povo em geral, em torno de um programa para o avanço, cerrando fileiras em torno do candidato que tem mais chances de derrotar os saqueadores da Bolívia”, escreveu Arce ao conclamar a população em apoio ao seu candidato.
Andrônico tem 36 anos, é ativista científico de formação, cocaleiro e atualmente presidente da Câmara dos Senadores e vice-presidente das Seis Federações pelo MAS. De descendência quéchua, ele nasceu em Sacaba, Cochabamba, herdando dos pais as raízes políticas.
Diante da ofensiva provocada por Evo Morales, Arce o confronta o apontando como um candidato de extrema-direita, ainda que ele não siga essa tendência lógica de partidos extremistas. O atual presidente, além abandonar a disputa, faz um apelo para que Evo Morales desista do pleito e não transforme a Bolívia numa divisão do voto popular em um “modelo neoliberal destruindo a nossa Revolução Democrática e Cultural, podendo restringir direitos conquistados da classe trabalhadora e do movimento indígena originário de Camponeses. É uma luta unida para garantir um futuro melhor para a Bolívia. Nosso voto será uníssono contra a ameaça do direitismo e do fascismo”, finaliza.
As eleições na Bolívia são previstas para o dia 17 de agosto.
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