O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou neste sábado (20) que o acordo UE-Mercosul será assinado mesmo diante da oposição da França. Segundo ele, a formalização do tratado de livre comércio, prevista inicialmente para este fim de semana, foi adiada para janeiro de 2026 por questões internas da União Europeia.
A declaração foi feita durante o discurso de abertura da Cúpula do Mercosul, realizada em Foz do Iguaçu (PR), encontro que marca o encerramento da presidência brasileira do bloco, que será assumida pelo Paraguai no próximo semestre.
Lula afirmou que o adiamento não se deu por rejeição ao acordo UE-Mercosul, mas por entraves relacionados à distribuição de subsídios agrícolas dentro da União Europeia, especialmente envolvendo o governo da Itália. Ele relatou ter conversado por telefone com a primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, que teria confirmado disposição para assinar o acordo no início de janeiro.
De acordo com o presidente, mesmo com a resistência francesa — motivada pelo temor de prejuízos ao setor agrícola —, o tratado não poderá ser bloqueado por um único país. Lula disse ter recebido uma carta da presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e do presidente do Conselho Europeu, António Costa, reafirmando a expectativa de assinatura do acordo UE-Mercosul em janeiro.
“Se faltar apenas a França, o acordo será firmado”, afirmou Lula, ao destacar que o compromisso político dos demais países europeus permanece intacto. O presidente brasileiro disse ainda esperar que a assinatura ocorra já no primeiro mês da presidência paraguaia do Mercosul, sob comando do presidente Santiago Peña.
Negociado há 26 anos, o acordo UE-Mercosul envolve um mercado de 722 milhões de habitantes e um Produto Interno Bruto estimado em US$ 22 trilhões, sendo considerado um dos maiores tratados comerciais do mundo. Os termos gerais foram anunciados em 2019, e a etapa final de consolidação dos textos ocorreu em 2024.
Durante o discurso, Lula também ressaltou que o Mercosul seguirá ampliando parcerias comerciais com outros países e blocos, citando avanços nas negociações com a EFTA, Índia, Emirados Árabes Unidos, Canadá, Japão, Vietnã e países da América Latina. Ele destacou ainda a necessidade de fortalecer o comércio intrarregional, hoje em apenas 15% do fluxo comercial sul-americano.










































