A Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) esteve no Palácio Guanabara, sede do governo estadual do Rio de Janeiro, nesta quinta-feira, 4 de dezembro. O órgão se reuniu com o governador Cláudio Castro em uma missão oficial no Brasil para investigar violações de direitos humanos na Operação Contenção. A operação, realizada no final de outubro na Penha, resultou na morte de 122 pessoas.
O chefe da comitiva, o mexicano José Luis Caballero, destacou que a operação teve um “nível de letalidade altíssima”, justificando a presença da CIDH no país. O órgão, que integra a Organização dos Estados Americanos (OEA), tem a função de promover e observar os direitos humanos na região.
Recomendações e Diálogo
A CIDH, que também se reunirá com famílias das vítimas e moradores que testemunharam a incursão até sábado, 6 de dezembro, busca impulsionar uma política de segurança baseada no respeito aos direitos humanos. Caballero ressaltou que a política deve focar no enfrentamento ao circuito financeiro do crime, como a lavagem de dinheiro, e não apenas em operações policiais.
A reunião com o governador Cláudio Castro foi avaliada pela CIDH como positiva. O chefe da comitiva, José Luis Caballero, descreveu o governador como “cordial e aberto”, embora Castro não tenha falado com a imprensa após o encontro.
Ao final da visita, a CIDH pretende entregar um informe com recomendações ao Brasil. O documento deverá propor “melhores práticas” em ações policiais e cooperação técnica. Caballero estimou que o relatório saia nas próximas semanas, sendo “algo a curto prazo, eficaz e com recomendações concretas”.
Letalidade da Operação
A Operação Contenção, realizada em 28 de outubro, tinha como objetivo o cumprimento de mandados contra chefes da facção criminosa Comando Vermelho e contou com mais de 2 mil agentes.
Logo após a ação, a CIDH já havia condenado a operação e o número “extremamente alto de mortes”. A instituição destacou que a operação reproduz um “padrão persistente de violência policial”, identificado em outras incursões em favelas. Segundo a instituição, as polícias civil e militar do Rio mataram 1,2 mil pessoas entre janeiro de 2024 e agosto de 2025, sendo a maioria das vítimas de pessoas negras.
Nesta semana, seis policiais militares envolvidos foram denunciados à Justiça pelo Ministério Público Estadual por terem cometido crimes durante a operação, como furto e obstrução de câmeras corporais.











































