A sétima edição do Panorama Ambiental Global (GEO7), principal avaliação científica periódica do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), foi lançada nesta terça-feira, 9 de dezembro de 2025, em Nairóbi, na África. O documento alerta que a inação diante dos desafios climáticos e ambientais resultará em milhões de mortes e danos financeiros massivos.
O relatório, no entanto, apresenta soluções que podem prevenir até 9 milhões de mortes prematuras ligadas à poluição, tirar 200 milhões de pessoas da subnutrição e 150 milhões da pobreza extrema. Essas ações podem render 20 trilhões de dólares ao ano à economia mundial até 2070.
Transformação Sem Precedentes é Necessária
O cientista Robert Watson, copresidente de avaliação do GEO7, ressalta que o relatório exige mudanças profundas em cinco sistemas chave. Segundo ele, é necessário um esforço coletivo para mudar a trajetória ambiental do planeta.
“Vai requerer uma transformação sem precedente, integrada, rápida e inovadora das nossas finanças, economia, dos materiais, energia, sistemas alimentares e ambientais,” avalia Robert Watson.
Ele enfatiza que o desafio não é apenas dos ministros de Meio Ambiente. Requer a participação de cada ministro, em cada governo, e de toda a sociedade.
Custo da Ação Versus Custo da Inação
O Pnuma aponta que são necessários 8 trilhões de dólares anuais para que o planeta neutralize as emissões de gases do efeito estufa até 2050. Este valor também cobre a restauração e conservação da biodiversidade.
Contudo, a diretora executiva do Pnuma, Inger Andersen, alerta que o custo da inação é muito maior. Ela cita que as mudanças climáticas sozinhas podem reduzir 4% do Produto Interno Bruto (PIB) anual até 2050, além de aumentar a migração forçada e tirar muitas vidas.
O estudo estima que o custo da trajetória de aumento da temperatura e dos extremos climáticos somou 143 bilhões de dólares anuais nas últimas duas décadas.
As perdas econômicas anuais relacionadas à saúde são gigantescas:
A poluição do ar exigiu 8,1 trilhões de dólares em 2019.
A exposição a substâncias químicas tóxicas em plásticos está estimada em 1,5 trilhão de dólares ao ano.
Diante dos custos sociais e econômicos, os cientistas afirmam que o caminho apontado pelo relatório não é uma escolha, mas sim inevitável. Os benefícios macroeconômicos globais do investimento em clima e ambiente mais do que compensam os custos.
Mudança no Modelo de Decisão
O GEO7 também sugere que as nações mudem o modelo atual de tomada de decisões e as métricas adotadas. Inger Andersen explica que seguir esse novo caminho começa por ir além do PIB como medida do bem-estar econômico.
É fundamental a utilização de indicadores inclusivos que acompanhem a saúde humana e o capital natural. A transição para modelos econômicos circulares e uma rápida descarbonização são essenciais.
O relatório reúne o trabalho de 287 cientistas de 82 países. Ele visa motivar as nações a implementar e reforçar os compromissos climáticos, como os alcançados na COP30 da UNFCCC, ocorrida em Belém.










































