As medidas do governo brasileiro em relação a plataformas digitais, o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro e as decisões do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes foram citadas como as principais justificativas para as tarifas aplicadas pelos Estados Unidos ao Brasil. Nesta quarta-feira, 30 de julho de 2025, o presidente norte-americano, Donald Trump, assinou uma Ordem Executiva que eleva a tarifa de importação de produtos brasileiros para 50%. As novas taxas entrarão em vigor em sete dias, ou seja, em 6 de agosto, embora produtos como aviões, minérios e suco de laranja tenham sido excluídos da taxação.
No documento, intitulado “Enfrentando as ameaças aos Estados Unidos pelo governo do Brasil”, Trump justifica as medidas adotadas contra o Brasil como uma resposta ao tratamento dado ao ex-presidente Jair Bolsonaro, acusando autoridades brasileiras de perseguição. O presidente americano cita o julgamento de Bolsonaro no STF, afirmando que o tribunal “decidiu equivocadamente que Bolsonaro deve ser julgado por essas acusações criminais injustificadas”.
Alegações de Ameaça à Democracia Brasileira
O texto da Ordem Executiva detalha as preocupações de Trump com o cenário político e jurídico do Brasil.
O documento de Trump expressa que “a perseguição política, por meio de processos forjados, ameaça o desenvolvimento ordenado das instituições políticas, administrativas e econômicas do Brasil, inclusive minando a capacidade do Brasil de realizar uma eleição presidencial livre e justa em 2026. O tratamento dado pelo governo do Brasil ao ex-presidente Bolsonaro também contribui para o colapso deliberado do Estado de Direito no Brasil, para a intimidação politicamente motivada naquele país e para abusos de direitos humanos”.
No texto do governo norte-americano, o ministro Alexandre de Moraes é acusado de abusar de sua autoridade judicial “para atingir oponentes políticos, proteger aliados corruptos e suprimir dissidências, muitas vezes em coordenação com outras autoridades brasileiras”. Trump acusa o ministro de confiscar passaportes, prender pessoas sem julgamento e impor multas a empresas que não cumpriram “suas exigências ilegais de censura”.
Questão das Plataformas Digitais
Trump também mencionou a atuação das autoridades brasileiras em relação às plataformas online como justificativa para as tarifas.
Segundo o documento, “essas ações também restringem e limitam a expressão nos Estados Unidos, violam os direitos humanos e minam o interesse dos Estados Unidos em proteger seus cidadãos e empresas no país e no exterior”. Trump argumenta que autoridades brasileiras emitiram ordens para obrigar plataformas online dos Estados Unidos a censurar contas ou conteúdo de cidadãos americanos, além de alterar suas políticas de moderação de conteúdo. No Brasil, está em discussão a responsabilidade das plataformas em relação a conteúdos criminosos que circulam nas redes, que vão desde pedofilia e apologia à violência nas escolas até a defesa de golpe de Estado. Recentemente, o STF definiu que as plataformas devem ser responsabilizadas por conteúdo criminoso.