A organização humanitária Médicos sem Fronteiras (MSF) registrou a morte de seu 12º profissional na Faixa de Gaza desde outubro de 2023. Abdullah Hammad, higienista que trabalhava na clínica do MSF em Al Mawasi, foi morto pelo Exército israelense em 3 de julho, na região sul do território. O MSF denunciou que as forças israelenses atacaram deliberadamente um grupo de pessoas que aguardavam caminhões de ajuda, incluindo Abdullah, sem qualquer aviso prévio.
“A MSF está chocada e profundamente triste com esta tragédia atroz”, declarou a organização em nota. Segundo equipes médicas do hospital Nasser, pelo menos 16 pessoas foram mortas no mesmo incidente. O grupo aguardava desesperadamente por sacos de farinha de um caminhão de assistência em Khan Younis, no sul de Gaza, próximo a uma usina de dessalinização. Um episódio semelhante já havia ocorrido em 17 de junho na mesma área.
Desespero por Alimentos e Condições Críticas em Gaza
Aitor Zabalgogeazkoa, coordenador de emergência do MSF em Gaza, afirmou que o número real de mortos pode ser muito maior, pois o Exército israelense impediu a remoção dos corpos do local. Ele também relatou que as forças israelenses ordenaram que as pessoas que tentavam coletar farinha saíssem imediatamente. “O nível de desespero por alimentos em Gaza está nesse momento além de qualquer compreensão”, disse Aitor.
O coordenador do MSF criticou as restrições israelenses à circulação de suprimentos e a criação de um método militarizado para distribuir alimentos, o que considera “degradante e mortal”. “A situação de fome sistêmica e deliberada a que os palestinos estão sendo submetidos há mais de 100 dias está levando as pessoas em Gaza ao limite. Esta carnificina precisa acabar agora”, enfatizou Aitor Zabalgogeazkoa.
Em 4 de julho, a Organização das Nações Unidas (ONU) registrou 613 mortes em pontos de distribuição de alimentos em Gaza, cobrindo o período de 27 de maio a 27 de junho. Profissionais do MSF que estiveram recentemente na Faixa de Gaza descrevem um cenário de terra devastada por bombardeios. Damares Giuliana, coordenadora do MSF em Jerusalém Oriental (responsável por Gaza e Cisjordânia), informou que 94% dos hospitais de Gaza estão fora de funcionamento devido a bombardeios ou despejos, e os 6% restantes também foram danificados.