A COP30 voltou a colocar os povos indígenas no centro das discussões climáticas neste sábado (15), quando cerca de 70 mil pessoas tomaram as ruas de Belém durante a Marcha Mundial pelo Clima. Representantes de todos os países da América do Sul caminharam juntos para exigir respeito aos direitos originários e avanços na demarcação de territórios tradicionais.
Entre eles estava Cristian Flores, 34 anos, integrante da Plataforma Boliviana Frente à Mudança Climática. Ele reforça que a presença indígena e da sociedade civil é essencial para equilibrar um espaço que, segundo ele, permanece dominado por delegações formais e estruturas elitizadas. A afirmação reflete uma crítica recorrente ao formato das conferências da ONU.
Para Flores, as decisões tomadas nas COPs costumam ignorar demandas históricas dos povos originários. Ele lembra que a delegação boliviana está no Brasil desde 4 de novembro, acompanhando debates e conduzindo diálogos paralelos na Cúpula dos Povos. O grupo deve permanecer até o dia 21.
O clima quente de Belém não diminuiu o entusiasmo do ativista, que destaca a acolhida do povo brasileiro como um dos pontos marcantes da participação boliviana. Ainda assim, ele cobra que o evento avance para transformar propostas em medidas concretas, especialmente no reconhecimento de territórios e no respeito às comunidades.
Entre as vozes que ecoaram no ato estava também Cahuo Boya, liderança do povo Wairani, do Equador. Aos 41 anos, ela denuncia que o governo equatoriano não tem cumprido a consulta popular sobre atividades extrativistas nas áreas indígenas, deixando comunidades vulneráveis aos impactos do petróleo e da mineração.
Boya reforça que a união entre povos sul-americanos é fundamental para construir uma agenda comum de proteção ambiental e defesa dos direitos. A presença de representantes de diversos países, segundo ela, envia força simbólica aos territórios que continuam resistindo.
As lideranças afirmam que ocupar as ruas e pressionar os espaços oficiais é uma estratégia para garantir que suas vozes sejam ouvidas em negociações que afetam diretamente suas vidas, seus territórios e a preservação da Amazônia.










































