A Organização dos Estados Americanos (OEA) divulgou um relatório em que afirma que o Brasil mantém instituições democráticas fortes e eficazes, afastando a tese de censura defendida por parte da oposição. O documento foi produzido após visita da Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) ao país e reconhece que as instituições democráticas operam com autonomia e equilíbrio entre os Poderes.
Segundo o texto, o Brasil realiza eleições livres e justas, preserva a separação de Poderes e assegura garantias constitucionais de proteção aos direitos fundamentais. A CIDH também reforça que há autonomia judicial e que o sistema de freios e contrapesos segue funcionando, mesmo diante das pressões políticas recentes.
O relatório frustra a narrativa de aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro, que apontavam suposta perseguição judicial e restrições à liberdade de expressão. O documento destaca, porém, que o país enfrentou tentativas de deslegitimação das eleições de 2022 e até o planejamento de uma tentativa de golpe, reforçando que a defesa da democracia é condição essencial para o pleno exercício da liberdade de expressão.
“A defesa da democracia no Brasil também é um componente fundamental da defesa do direito à liberdade de expressão, uma vez que a liberdade de expressão requer uma sociedade democrática para ser plenamente exercida.” — afirma o relatório.
Recomendações ao Judiciário
Apesar da avaliação positiva, a CIDH faz alertas ao Supremo Tribunal Federal (STF) e recomenda cautela em medidas de combate a ataques democráticos. O órgão entende que ações excepcionais devem evitar precedentes que concentrem poder e possam ser usados por governos autoritários no futuro.
As recomendações incluem:
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Fundamentação detalhada em decisões que retirem conteúdos das redes;
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Evitar restrições baseadas em conceitos vagos, como desordem informacional;
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Não usar a categoria de atos antidemocráticos para impedir críticas legítimas às autoridades.
Regulação e plataformas digitais
O relatório defende a necessidade de regulação das plataformas digitais, respeitando parâmetros internacionais de direitos humanos e o papel das tecnologias emergentes. A CIDH entende que as empresas não devem ser responsabilizadas automaticamente pelos conteúdos publicados por usuários, mas precisam cumprir deveres de moderação.
A avaliação reforça que o Brasil enfrenta desafios relacionados à liberdade de expressão, porém dentro de um ambiente respaldado por instituições democráticas e distante de cenários de censura estatal.
Reações políticas
O governo federal afirmou que o relatório confirma a inexistência de censura e fortalece a imagem internacional do país. A ministra Gleisi Hoffmann celebrou o reconhecimento da OEA ao repudiar tentativas de anistia para condenados pelos atos golpistas. Já o senador Flávio Bolsonaro considerou que o documento valida críticas feitas pela oposição ao mencionar riscos na aplicação de conceitos como discurso de ódio.
Com posicionamentos divergentes, o relatório da OEA se torna parte central do debate político nacional e indica que o fortalecimento das instituições democráticas continuará no centro das discussões em 2026.








































