A noite no plenário da Câmara dos Deputados foi marcada por tensão, empurrões e cenas de confronto que rapidamente se espalharam pelas redes sociais. Imagens feitas por celulares de parlamentares e assessores registraram o momento em que o deputado federal Glauber Braga, do PSOL, foi retirado à força da cadeira da presidência da Casa pela polícia legislativa, após permanecer cerca de uma hora no local em protesto político.
O episódio começou ainda no meio da tarde. Por volta das 15h30, Glauber Braga sentou-se na cadeira do presidente da Câmara e passou a conduzir a sessão de forma simbólica, chamando colegas para discursar. Pouco depois das 16h, voltou a ocupar a mesa e anunciou que não sairia mais. O gesto foi um protesto contra a condução do processo que pode resultar na cassação de seu mandato, cuja análise estava prevista para ocorrer no dia seguinte. Ao ocupar a mesa diretora, o parlamentar desrespeitou o regimento interno da Casa.
Durante o protesto, Glauber afirmou que só deixaria o local ao final do processo contra ele. “Eu vou me manter aqui, firme, até o final dessa história. Se o presidente da Câmara dos Deputados quiser tomar uma atitude diferente da que ele tomou com os golpistas que ocuparam essa mesa e que até hoje não tiveram qualquer punição, essa é uma responsabilidade dele. Eu aqui ficarei até o limite das minhas forças”, declarou.
Já no início da noite, a polícia legislativa se aproximou da mesa diretora para tentar encerrar a ocupação. Parlamentares aliados acompanharam a tentativa de negociação, mas a situação rapidamente se agravou. Os policiais avançaram para retirar o deputado, que passou a resistir. Durante a confusão, o terno de Glauber Braga rasgou e a deputada Célia Chacriabá, também do PSOL, acabou caindo no plenário.
Segundo relato da deputada Maria do Rosário (PT-RS), a retirada ocorreu de forma forçada. “Ele está sendo retirado carregado da mesa por força de segurança”, afirmou. Vídeos obtidos pelo UOL mostram o momento em que Glauber é levado pelos policiais enquanto os deputados Alencar Santana (PT-SP), Samia Bomfim (PSOL-SP) e Lindbergh Farias (PT-RJ) tentam mantê-lo na cadeira da presidência.
Foram mais de dois minutos de empurrões e gritos até que a polícia legislativa conseguisse retirar Glauber da mesa. Logo após a intervenção, a imprensa foi retirada do plenário, em uma medida considerada incomum no cotidiano do Congresso Nacional. O sinal da TV Câmara chegou a ser cortado, impedindo que jornalistas acompanhassem o que acontecia no interior do plenário em tempo real.
Inicialmente, a assessoria da presidência da Câmara informou que a ordem para a retirada da imprensa teria partido do presidente da Casa, Hugo Motta, do Republicanos. Mais tarde, a versão foi revista, e a presidência afirmou que não houve ordem direta do presidente e que as medidas seguiram protocolos internos de segurança.
Mesmo com as restrições, o repórter cinematográfico Walter Rocha conseguiu registrar imagens da mesa diretora após a saída da imprensa, mas também acabou sendo retirado do local pela polícia legislativa. Do lado de fora, parlamentares, jornalistas e assessores permaneceram aguardando novas informações sobre a liberação do acesso ao plenário.
Após ser retirado à força da cadeira da presidência, Glauber Braga deixou o plenário, que continuava fechado para os profissionais da imprensa. Em seguida, novos momentos de tensão foram registrados nos corredores, com policiais empurrando jornalistas que tentavam fazer imagens.
O episódio reacende o debate sobre os limites do protesto parlamentar, o uso da força dentro do Congresso Nacional e a preservação da liberdade de imprensa em situações de crise política, além de aprofundar o clima de tensão em torno do processo que pode levar à cassação do mandato do deputado.
Fonte: Informações baseadas em imagens da TV Câmara.









































