Começou nesta segunda-feira, 1º de dezembro, no Armazém da Utopia, no centro do Rio de Janeiro, a 1ª Cúpula Popular do Brics. O evento foi criado com o objetivo de articular a participação da sociedade civil do Sul Global na elaboração de propostas para a cooperação entre o bloco de 11 países de mercado emergente.
Durante o encontro, serão debatidos temas cruciais como a cooperação econômica, o multilateralismo, a construção da multipolaridade e a reconfiguração da geopolítica mundial. Um dos focos centrais é a redução da dependência dos países emergentes em relação ao dólar americano nas transações internacionais.
Diálogo permanente para a sociedade civil
O Conselho Civil Popular do Brics foi estabelecido em 2024, durante a Cúpula de Kazan, na Rússia. O conselho visa promover um diálogo contínuo entre os governos do bloco e os atores da sociedade civil organizada.
A organização ressalta que o conselho é um marco na consolidação da participação da sociedade, buscando dar voz a movimentos populares, estudantes, professores e ONGs nas pautas estratégicas do agrupamento.
Em vídeo enviado para a abertura do evento, a ex-presidenta do Brasil e atual presidente do Novo Banco de Desenvolvimento do Brics, Dilma Rousseff, afirmou que esta primeira cúpula consagra a participação da sociedade civil organizada. “Pela primeira vez, os povos dos países do Brics dispõem de um canal permanente de diálogo com os governos e as instâncias decisórias do agrupamento”, disse Dilma.
Formalização e temas estratégicos
O encontro no Rio de Janeiro é o último grande evento realizado pelo Brics com o Brasil na presidência do bloco, antes da Índia assumir a posição no próximo ano.
João Pedro Stedile, da direção nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e membro do Conselho Civil do Brics no Brasil, destacou que a cúpula formalizará o funcionamento permanente do conselho civil. O objetivo é entregar um modus operandi para o novo mandato da Índia.
“Os governos sabem que, sem a mobilização da sociedade civil, para alguns temas não tem como resolver, como a defesa da natureza, a construção de moradia popular”, afirmou Stedile. “Vamos analisar temas da geopolítica mundial, mas também vamos nos dedicar a temas que a sociedade civil pode ajudar a resolver.”
Os países membros do bloco possuem uma posição estratégica na agricultura global, sendo líderes na produção de carnes, grãos, fertilizantes e fibras, e respondendo por cerca de 70% da produção agrícola mundial.







































