Quando a história resolver fazer um documentário sobre os absurdos da política brasileira, esse episódio de hoje vai merecer um capítulo inteiro. Jair Bolsonaro, o mito, o messias do cercadinho, o ex-capitão que acreditava ser imune à lei, agora experimenta o gosto amargo do que tanto pregou: a “justiça acima de tudo”.
E ironia das ironias: o “algoz” da vez não é Alexandre de Moraes, não é o “sistema”, tampouco o comunismo chinês. Foi o próprio filho, o senador Flávio Bolsonaro, quem convocou os fiéis seguidores para uma “vigília pacífica”, e conseguiu o milagre de transformar a frente da casa da família em uma espécie de circo de exorcismo político.
A prisão do “mito” está cheia de simbolismo, a começar pela data, dia 22 e até a placa do carro que levou Bolsonaro de sua prisão domiciliar para a preventiva na Federal tem o final 22.
Enquanto os devotos tentavam entender se rezavam por um livramento ou por mais uma live, o clã se calava. E os bolsonaristas, órfãos de mito, começaram a repetir as velhas ladainhas:
“É perseguição!”
“Isso é culpa do STF!”
“A urna foi fraudada!”
Só faltou dizer que foi culpa do Haddad.
Nas redes, a criatividade brasileira, mais uma vez, superou qualquer comitê de campanha: memes brotaram como se fossem flores em terreno fértil. Tinha de tudo, desde montagem do capitão vestido de presidiário com a legenda “mito preso, mas de cabeça erguida”, até aquela clássica fotinha do “Jesus na cela com ele”, que sempre ressurge quando um político da direita entra em apuros.
O Zap do tiozão voltou a ferver: agora com teorias dizendo que Bolsonaro foi preso “para evitar um golpe maior”. Aparentemente, o enredo está sempre pronto — só trocam o vilão da vez.
Mas, justiça seja feita: quem diria que o ex-presidente, acostumado a se cercar de generais, pastores e advogados militantes, terminaria rendido pela própria lógica que ajudou a construir? O homem que gritava “acabou, porra!” agora ouve de volta o mesmo grito, só que vindo da cela.
Pensamento do Dia
“Na política brasileira, quem planta golpe, colhe tornozeleira. E quem convoca vigília… acaba acordando o juiz de plantão.”












































