O Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) celebrou a condenação da mineradora BHP pela justiça inglesa. A empresa, acionista da Samarco, foi responsabilizada pelo rompimento da Barragem de Fundão, em Mariana (MG), ocorrido em 2015. O desastre liberou toneladas de rejeitos de mineração, impactando comunidades e rios, e resultou na morte de dezenove pessoas.
A reportagem da Agência Brasil conversou com Letícia Oliveira, coordenadora nacional do MAB, durante a Cúpula dos Povos, em Belém, evento paralelo à COP30. Moradora e bióloga de Mariana, ela ressaltou a importância da decisão. “É uma conquista muito grande para os atingidos e atingidas receber essa notícia dez anos depois do rompimento. É muito tarde, mas é importante”, afirmou Letícia.
Marco e Precedente de Condenação Internacional
Para a coordenadora do MAB, a sentença do Tribunal Superior de Justiça de Londres inicia o caminho da reparação. “A sensação é de que a justiça começa a ser feita”, declarou. A expectativa do movimento é que a decisão sirva para pressionar as empresas e também a justiça brasileira a tomar novas ações.
O MAB defende que a sentença abre um precedente de condenação internacional. O entendimento é que uma empresa estrangeira que comete crimes no Brasil pode ser julgada e condenada em seu país de origem. Agora, o processo entra em uma nova fase, que pode levar até um ano para definir o valor e as condições da reparação financeira aos atingidos em Mariana.
Movimento Internacional e Críticas à Crise Climática
Aproveitando a visibilidade da COP30, o MAB e outras organizações de 45 países lançaram na Cúpula dos Povos o Movimento Internacional de Atingidos por Barragens, Crimes Socioambientais e Crise Climática. O encontro reuniu 200 delegados dos cinco continentes, incluindo vítimas de hidrelétricas, mineração e impactos da transição energética.
Letícia Oliveira criticou a abordagem corporativa da crise climática. “Queremos denunciar todas essas falsas soluções que são apresentadas para a crise climática”, disse ela. “O que as empresas querem é fazer do problema climático um negócio, assim como as mineradoras fizeram um negócio da reparação na Bacia do Rio Doce nesses 10 anos.” A coordenadora defende que a solução para os problemas ambientais e sociais depende da articulação e do poder dos movimentos sociais.









































