O Guia do Afroturismo no Brasil – Roteiros e Experiências da Cultura Afro-Brasileira, lançado nesta semana pelo Ministério do Turismo, traz um diagnóstico sobre o afroturismo no Brasil. Ele mapeia experiências e serviços turísticos protagonizados por pessoas negras, identifica boas práticas nacionais e internacionais e subsidia políticas públicas voltadas ao setor. A iniciativa visa reconhecer a contribuição afro-brasileira, valorizando espaços de memória e resistência, e é uma forma de reconectar com o passado, resgatar a ancestralidade, fortalecer o presente e projetar um futuro de valorização da cultura negra.
O guia organiza as experiências por macrorregiões e por tipo de atividade, com opções que vão desde visitas a quilombos e terreiros até circuitos gastronômicos, museus e feiras culturais. O material reflete a diversidade da cultura afro-brasileira, evidenciando o potencial do turismo como instrumento de geração de renda, fortalecimento da identidade cultural e valorização do patrimônio histórico material e imaterial.
Um exemplo de roteiro é o Parque Memorial Quilombo dos Palmares, na Serra da Barriga, em Alagoas, onde o visitante conhece a história de um dos mais importantes quilombos do país. Outro ponto é o Quilombo Cultural, em São Luís, capital do Maranhão, uma vivência no maior quilombo urbano da América Latina. Lá, é possível conhecer manifestações culturais como o reggae, o cacuriá, tambor de crioula, bumba meu boi, blocos afros e a religiosidade africana.
Outros exemplos incluem o Terreiro de Candomblé Alarokê, em São Cristóvão, Sergipe, e em Salvador, Bahia, o Terreiro do Gantois e o Memorial Mãe Menininha do Gantois. Na Bahia, o Quilombo Kaonge, em Cachoeira, compartilha saberes como a produção de farinha e azeite de dendê. Na capital amapaense, a Rota dos Barracões, em Marabaixo, conta a história de Macapá. No Centro-Oeste, o território Kalunga, em Goiás, oferece trilhas e cachoeiras, como a Santa Bárbara. O guia também inclui o Circuito da Memória Negra, em Petrópolis (RJ), a Pequena África, no Rio de Janeiro, e o roteiro do Manguebeat, no Recife (PE).
De acordo com o Ministério do Turismo, para a elaboração do Guia foi aberto um formulário público no qual “empreendedores(as) negros(as), comunidades tradicionais e gestores puderam indicar experiências em seus territórios”. A curadoria resultou na seleção de 43 iniciativas afrocentradas, com critérios como presença no Mapa do Turismo Brasileiro, atuação de afroempreendedores e regularidade no Cadastur. As regiões Nordeste e Sudeste contam com 16 roteiros cada, seguidas do Norte, com cinco; Centro-Oeste, com quatro; e Sul, com dois roteiros. O ministério considera o segmento do afroturismo uma das prioridades da gestão atual, por meio do Programa Rotas Negras.