No Congresso, senadores, principalmente os da Região Norte, inclusive da bancada do Amazonas, inflamam os ânimos com falas a favor da reabertura da BR-319. Esta semana, o assunto voltou-se contra a ministra do Meio Ambiente e da Mudança do Clima, Marina Silva, acusada pelos senadores Omar Aziz e Plínio Valério (PSDB-AM) de ter sua pasta atuando contra a reconstrução da rodovia federal. O problema é que os parlamentares acabaram ofendendo a ministra de Lula, uma das mais influentes no mundo para assuntos ambientais, com acusações que saíram da seara política e se transformaram em crimes contra a integridade da ministra e da própria mulher.
Do calor do momento, também esta semana, um novo estudo, divulgado pelo Idesan – Conservação e Desenvolvimento Sustentável, trouxe dados aterrorizantes que vêm mostrando a trajetória de cada anúncio da reconstrução da pista que liga Porto Velho (Rondônia) a Manaus (Amazonas).
O alerta recai sobre os municípios situados na região chamada de Madeira-Purus, que corta, justamente, a pista. Nesse trecho, segundo os estudos, o desmatamento aumentou 67%. Os dados correspondem ao período entre abril de 2024 e abril de 2025, chamando a atenção dos estudiosos para o consequente desmatamento da floresta amazônica no período compreendido pelas chuvas, que vai de dezembro a maio.
Este momento de intensos crimes, segundo o estudioso Heitor Pinheiro, especialista em geoprocessamento e analista do Idesam, estaria ligado às chuvas, que resultam em menos fiscalizações enquanto elas caem. Quando se remete à Amazônia Legal, região agora compreendida por nove estados, a tendência é de super alta de desmatamento.
Foram 25.885 hectares desmatados nestes estados. Isso, segundo os dados, equivale a 38% em relação a abril do mesmo ano. O epicentro da destruição tem a seta apontada para o Amazonas, que lidera o desmatamento com 108% de aumento neste período. O levantamento também traz outro estado que segue na lista dos prejuízos ambientais, principalmente quando se fala nas brechas embutidas nas leis votadas pelos próprios deputados estaduais; mas, neste caso, Rondônia que apresentou uma redução de 12% das perdas florestais.
Mas, ao contrário de Rondônia, Pinheiro enxerga uma inversão dos dados, tendo em vista que os municípios ao longo da BR-319, os quais representados pelos amazonenses, são apontados como aqueles que mais justificam as análises de aumento dos crimes desmatamento pelo Deter (sistema de fiscalização e combate ao desmatamento), ligado ao Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais – Inpe.
No período de abril, os dados apontam para os municípios de Lábrea, Maués, Apuí, Boca do Acre e Novo Aripuanã. Esses locais são pontuados na pesquisa como os que mais desmataram na Amazônia Legal. Com informações de “A Crítica”.