A Faixa de Gaza foi alvo de intensos bombardeios por tanques, barcos e jatos israelenses nesta terça-feira (7 de outubro de 2025). Os ataques ocorreram no dia que marca o aniversário de dois anos do ataque do Hamas, que desencadeou o conflito.
Enquanto a ofensiva continua no território palestino, as conversações sobre um plano de trégua seguem no Egito, em Sharm el-Sheikh. O plano de cessar-fogo foi apresentado pelo presidente dos EUA, Donald Trump, e é visto como o mais promissor até o momento para encerrar a guerra.
Negociações e ceticismo do Catar
O Hamas e Israel iniciaram negociações indiretas na segunda-feira (6), focadas em questões-chave para o fim do conflito, como a retirada de Israel de Gaza e o desarmamento do Hamas. O conflito já resultou na morte de dezenas de milhares de palestinos e na devastação de Gaza, após o ataque de 7 de outubro de 2023, que matou 1,2 mil pessoas em Israel.
Apesar do otimismo, o Catar, que atuou como mediador em tentativas anteriores junto com os EUA e o Egito, manifestou ceticismo. O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores do Catar, Majed al-Ansari, afirmou em coletiva que o plano de trégua possui 20 pontos e que “todos esses pontos exigem interpretações práticas no terreno”.
Al-Ansari reiterou que a entrega dos reféns capturados pelo Hamas no ataque de 2023 é essencial e significaria o fim da guerra.
Intensidade dos combates e memória das vítimas
Moradores relataram bombardeios pesados de tanques e aviões na madrugada de terça-feira, tanto em Khan Younis, no Sul de Gaza, quanto na Cidade de Gaza, no Norte. Militantes de Gaza também dispararam foguetes, acionando sirenes de ataque aéreo no kibutz israelense Netiv Haasara. As tropas israelenses afirmaram que continuam enfrentando homens armados dentro do enclave.
Para marcar o aniversário do ataque do Hamas, israelenses se reuniram nos locais mais atingidos em 2023, como o festival de música Nova. Orit Baron, que perdeu a filha e o noivo dela no festival, onde 364 pessoas foram mortas, participou das homenagens. Desde o início da guerra, mais de 67 mil palestinos foram mortos em Gaza, sendo quase um terço menores de 18 anos, segundo autoridades de saúde locais.
Uma comissão de investigação da ONU avaliou no mês passado que Israel cometeu genocídio em Gaza, uma conclusão que o governo israelense classificou como tendenciosa e “escandalosa”. Mohammed Dib, um morador de Gaza, resumiu o sentimento local: “Faz dois anos que estamos vivendo com medo, horror, deslocamento e destruição”.