A Organização Meteorológica Mundial (OMM) confirmou nesta quinta-feira, 31 de julho de 2025, o novo recorde mundial de maior extensão já registrada para um raio. O impressionante fenômeno atingiu 829 km de comprimento durante uma tempestade que cruzou o céu entre o leste do Texas e a região de Kansas City, no Missouri, em outubro de 2017. Essa distância é comparável a uma viagem entre Paris e Veneza e superou em 61 km o recorde anterior, estabelecido em 2020, também nos Estados Unidos.
Segundo a OMM, essa descarga elétrica foi detectada com a ajuda de satélites meteorológicos de última geração, que permitiram revisar os dados da tempestade anos após o ocorrido. O raio foi registrado em uma região conhecida por tempestades intensas e prolongadas, as Grandes Planícies dos EUA, onde são comuns os chamados sistemas convectivos de mesoescala, que favorecem esse tipo de evento extremo.
Tecnologia e Importância dos Alertas Climáticos
A detecção do mega relâmpago demonstra avanços tecnológicos e a prioridade da OMM em alertas precoces para riscos à aviação e incêndios.
“Esse novo recorde mostra como a natureza ainda guarda fenômenos impressionantes e como os avanços tecnológicos ajudam a observá-los com mais precisão”, afirmou o professor Randall Cerveny, responsável pelo banco de dados de extremos climáticos da OMM. Raios comuns duram menos de um segundo e se estendem por até 16 km, enquanto mega relâmpagos ocorrem dentro de sistemas de nuvens gigantes, permitindo descargas elétricas muito mais longas.
A secretária-geral da organização, Celeste Saulo, destacou que relâmpagos como esse representam riscos reais. “São uma ameaça à aviação, podem causar incêndios e colocam vidas em risco. Por isso, são prioridade na estratégia global de alertas precoces”, afirmou. A descoberta foi feita com dados do satélite GOES-16, da agência NOAA, que havia registrado o evento em 2017, mas só o identificou após uma reavaliação com novas técnicas e ferramentas. A análise contou com cientistas de vários países, incluindo a brasileira Rachel Albrecht, professora da USP e referência em estudos sobre eletricidade atmosférica.
Outros Recordes e Impactos Históricos
Além da maior extensão, a OMM registra o raio mais duradouro e o caso mais mortal já documentado.
Entre os outros extremos registrados pela OMM estão o raio mais duradouro, com 17 segundos sobre a América do Sul em 2020, e o caso mais mortal já documentado, em que 469 pessoas morreram no Egito após um raio atingir tanques de combustível e causar um incêndio.