O sociólogo Luiz Augusto Campos, da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj), destacou a necessidade de acompanhar a trajetória de egressos das cotas para avaliar a eficácia da política de ações afirmativas na universidade. Campos é um dos organizadores do livro Impacto das Cotas: Duas Décadas de Ação Afirmativa no Ensino Superior Brasileiro.
Segundo ele, a Lei de Cotas não é um objetivo final, mas uma política intermediária para reduzir desigualdades no mercado de trabalho. “Se as cotas não tiverem impactos fora da universidade, significa que, como política pública, fracassaram“, afirmou. Nesse sentido, a criação de grupos de egressos pela Uerj é considerada essencial para medir os resultados da medida.
Após 20 anos da adoção pioneira da política pela universidade, Campos aponta desafios, especialmente na pós-graduação, onde o critério socioeconômico limita o acesso a candidatos com renda bruta familiar de até R$ 2.277 por pessoa. Segundo o pesquisador, isso restringe o alcance das cotas em mestrado e doutorado, pois estudantes classificados como carentes, ao receberem bolsas, deixam de se enquadrar nos limites exigidos.
Dados do Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE) mostram que pessoas pretas representam apenas 4,1% dos mestres e 3,4% dos doutores, enquanto pardos somam 16,7% e 14,9%, respectivamente. Indígenas ocupam menos de 0,3% das titulações. Entre 1996 e 2021, mais da metade dos títulos de mestrado e doutorado foram obtidos por pessoas brancas.
Campos defende que, antes da revisão da lei em 2028, as universidades usem sua autonomia para flexibilizar os critérios socioeconômicos nos editais de ingresso, garantindo maior inclusão no ensino avançado. Ele ressalta que a judicialização do acesso a mestrados e doutorados torna urgente uma lei mais leniente e adaptada à realidade das cotas.












































