As cotas raciais e sociais da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj) completam 22 anos e seguem mudando vidas. A política, pioneira no país desde 2003, permite que estudantes de comunidades historicamente excluídas tenham acesso ao ensino superior.
No 1º Encontro de Cotistas Egressos da Uerj, realizado no final de novembro, ex-alunos compartilharam suas experiências e refletiram sobre o impacto da medida. Henrique Silveira, egresso do curso de geografia e atual subsecretário de Tecnologias Sociais da prefeitura do Rio, destacou:
“Eu tenho muita clareza de que a cota transforma. Ela me permitiu deixar de ser um menino atrás de uma carroça para hoje estar à frente da gestão pública.”
A dentista Maiara Roque, que ingressou em odontologia em 2013, relatou os desafios enfrentados como cotista negra e a importância do sentimento de pertencimento. Segundo ela, a oportunidade na Uerj moldou sua carreira e permitiu retribuir à comunidade onde cresceu.
O historiador David Gomes, que ingressou na graduação em 2011, reforçou que a política possibilitou transformar a realidade de estudantes de escola pública e comunidades periféricas. Ele defende a revisão do critério socioeconômico para ingresso nas cotas, especialmente na pós-graduação, para contemplar mais candidatos.
A política de ações afirmativas da Uerj, instituída pela Lei 8.121/2018, reserva 20% das vagas para cotas raciais, incluindo indígenas e quilombolas, e outros 20% para estudantes de escolas públicas. O modelo atual combina autodeclaração racial com critérios socioeconômicos, embora ex-cotistas considerem o recorte de renda baixo e burocrático.
Segundo dados do IBGE, as cotas contribuíram para reduzir desigualdades: em 2022, 11,7% dos estudantes pretos e 12,3% dos pardos tinham ensino superior, ainda abaixo da taxa entre brancos, de 25,8%, mas em crescimento constante.
Egressos ressaltam também a importância do pré-vestibular popular e de políticas de permanência, como bolsas acumuláveis, que garantem condições para concluir os cursos com sucesso. A universidade busca mapear a trajetória de ex-alunos e coletar dados para aprimorar futuras políticas públicas.












































