Autor – Geovani Berno
O som é a matéria prima do percussionista Bira Lourenço, um artista amazônidaque se dedica a pesquisar e realizar experimentos a partir de elementos sonoros que permeiam o nosso cotidiano. No álbum SONS DE BEIRA – disponível em todas as plataformas digitais – lançado em parceria com o músico Catatau Batera, pode-se encontrar um percurso sensível e provocativo das sonoridades do universo amazônico.
No projeto apoiado pelo Rumos Itaú Cultural, a experiência sonora acontece através da Oficina “LABORATÓRIO SONORO DO UNIVERSO AMAZÔNICO”, na qual o pesquisador apresenta,em 3 episódios, uma imersão sonora explorandoas sensações, a percepção e a memória. Por esta tríade o artista descortina o processo de criação artística com base no que sentimos ao ouvir determinados sons, como ospercebemos e acionamos o acervo sonoro de nossas lembranças.
No primeiro episódio, que será exibido dia 6 de abril, a oficina vai tratar do tema SENSAÇÕES, onde serão apresentados alguns percursos da construção do espetáculo SONS DE BEIRA, com a utilização de elementos sonoros diversos na composição das peças, os quais foram pesquisados, experimentados e elaborados, sempre com referência na busca do que sentimos nas vivências sonoras, uma leitura artística, uma interpretação a partir das sensações experimentadas e as que pretende provocar com o resultado da construção elaborada. É o contar algo através das sensações percebidas, a dramaturgia dos sons produzindo novo material sonoro também para novas provocações.
A PERCEPÇÃO permeia o segundo episódio (exibido em 7 de abril), pois a ela está diretamente associada a forma como processamos cognitivamente os estímulos que recebemos pelos órgãos do sentido. Traz ainda uma abordagem sobre o cultivo da escuta do nosso entorno, numa forma mais atenta de perceber as vibrações sonoras e processar as sensações percebidas.
O tema MEMÓRIA finaliza a oficina no terceiro episódio (e que será exibido no dia 8 de abril), considerando que as sensações provocadas pelos sons que percebemos nos levam ao que guardamos em nossa memória e atiça nossa imaginação.São caminhos repletos de conhecimento, histórias, sentimento de pertencimento, afetividades, estéticas que estimulam o espírito criativo, e, ainda, estabelecem as conexões entre os ‘arquivos’, religam experiências sonoras significativas que criam a dramaturgia das nossas vidas.
Em cada episódio serão apresentadas peças do espetáculo SONS DE BEIRA, além de propostas de experimentos sonoros que o público poderá realizar no lugar em que estiver assistindo. Para Bira Lourenço,
“… há sons impregnados de dramaturgias, histórias que carregamos na memória”.
Quando?
As oficinas serão transmitidas em três episódios, nos dias 06, 07 e 08 de abril e ficarão disponíveis Site (biralourenco.mus.br) e canal do artista do youtube (biralourenco@youtube).
Quem é Bira Lourenço?
Bira Lourenço Percussionista, pesquisador e manipulador de sons, nascido em Porto Velho-RO, licenciado em Música pela UFRGS – Universidade Federal do Rio Grande do Sul, atuou como professor de percussão em projetos educacionais direcionados a alunos de escolas públicas, portadores de necessidade educacionais especiais, formação de professores e ressocialização de apenados e egressos do sistema penal. Tem participações em vários registros fonográficos, ressaltando o Cd “Cordas e Barros” de Ceiça Farias, onde desenvolveu uma pesquisa de sonoridades em instrumentos e objetos de barro.
Já realizou vários trabalhos associados ao Teatro, em pesquisa sobre a dramaturgia sonora, como “Filhas da Mata” (selecionado pelo Projeto Palco Giratório/2010), “Varadouro” (Rumos Itaú Cultural/2011) e “A Borracheira (Rumos Itaú Cultural/2019). Através de pesquisas sonoras, concebeu o espetáculo SONS DE BEIRA, uma obra percussiva registrada no álbum SONS DE BEIRA, disponível em todas as plataformas digitais. Com a pandemia, passou a desenvolver oficinas online.
Sobre o Rumos Itaú Cultural
Um dos maiores editais privados de financiamento de projetos culturais do país, o Programa Rumos, é realizado pelo Itaú Cultural desde 1997, fomentando a produção artística e cultural brasileira. A iniciativa recebeu mais de 75,8 mil inscrições desde a sua primeira edição, vindos de todos os estados do país e do exterior. Destes, foram contempladas 1,5 mil propostas nas cinco regiões brasileiras, que receberam o apoio do instituto para o desenvolvimento dos projetos selecionados nas mais diversas áreas de expressão ou de pesquisa.
Os trabalhos resultantes da seleção de todas as edições foram vistos por mais de 7 milhões de pessoas em todo o país. Além disso, mais de mil emissoras de rádio e televisão parceiras divulgaram os trabalhos selecionados.
Na última edição, de 2019-2020, os 11.246 projetos inscritos foram examinados, em uma primeira fase seletiva, por uma comissão composta por 40 avaliadores contratados pelo instituto entre as mais diversas áreas de atuação e regiões do país. Em seguida, passaram por um profundo processo de avaliação e análise por uma Comissão de Seleção multidisciplinar, formada por 23 profissionais que se inter-relacionam com a cultura brasileira, incluindo gestores da própria instituição. Foram selecionados 92 projetos.