O xenotransplante — técnica de transplante de órgãos entre espécies — avançou de forma consistente ao longo de 2025, com testes mais longos e maior controle médico em estudos internacionais. Os progressos reacenderam a esperança de reduzir filas de transplante, embora o método siga restrito a protocolos experimentais.
Um dos marcos do ano foi a cirurgia experimental realizada por pesquisadores chineses, que transplantaram um pulmão de porco para um ser humano. O procedimento comprovou a viabilidade cirúrgica, mas também expôs riscos ligados à rejeição e ao curto tempo de funcionamento do órgão.
Segundo o cirurgião Lúcio Lucas Pereira, do Hospital Sírio-Libanês, o principal avanço de 2025 foi o aumento do tempo de acompanhamento dos órgãos.
“Antes, os órgãos eram observados por poucas horas. Agora, conseguimos acompanhar por dias e até semanas, o que ajuda a entender melhor o que funciona e o que falha”, explica.
No centro cirúrgico, os resultados são semelhantes aos de um transplante tradicional, com conexão de vasos e circulação sanguínea preservada. O desafio surge depois: rejeição, inflamação e alterações na coagulação podem comprometer o órgão mesmo com a cirurgia bem-sucedida.
Uma estratégia recorrente em 2025 foi a realização de testes em pacientes com morte cerebral, permitindo avaliar o funcionamento dos órgãos em corpos humanos sem colocar pacientes vivos em risco. Essa abordagem ajuda a identificar sinais iniciais de rejeição e a ajustar medicamentos.
Entre os órgãos pesquisados, o rim é o que mais avançou, seguido pelo coração. O fígado, por enquanto, funciona como recurso temporário, mantendo pacientes vivos até a chegada de um órgão humano. O pulmão é o que apresenta maior dificuldade, por reagir com inflamação intensa.
A cientista Ekaterini Simões Goudouris, da Asbai, afirma que o foco atual está na redução da rejeição imunológica. O uso da tecnologia de edição genética CRISPR permite alterar genes dos porcos, diminuindo a chance de que o corpo humano identifique o órgão como invasor.
Além disso, novos medicamentos bloqueiam apenas partes específicas do sistema imune, reduzindo efeitos colaterais.
Apesar dos avanços, o tempo de funcionamento dos órgãos ainda é limitado, geralmente inferior a um ano. A rejeição crônica continua sendo o maior obstáculo, e o xenotransplante permanece restrito a casos extremos, sempre dentro de pesquisas autorizadas.
Nos Estados Unidos, ensaios clínicos aprovados pelo FDA indicam progresso. Contudo, especialistas afirmam que a técnica ainda está distante do uso rotineiro, embora mais próxima da realidade do que nunca.
O balanço de 2025 mostra que o xenotransplante avançou em segurança e duração, mas ainda é uma promessa científica que exige aprimoramentos antes de se tornar um caminho concreto para quem enfrenta longas filas de transplante.











































