Ao sair em defesa dos policiais militares e bombeiros militares praças, o pré-candidato ao governo de Rondônia, Samuel Costa, reacendeu um dos debates mais sensíveis da segurança pública estadual. Em entrevistas concedidas a sites de notícias, Costa foi enfático ao afirmar que um verdadeiro comandante-geral da Polícia Militar deve priorizar, acima de tudo, a integridade física, mental e financeira da tropa.
A declaração repercutiu imediatamente entre soldados, cabos e sargentos, que relatam um cenário persistente de frustração, desvalorização salarial e precariedade nas condições de trabalho.
A insatisfação dos praças da Polícia Militar de Rondônia ganhou novos contornos nos últimos dias e passou a ocupar espaço central no debate político estadual. Integrantes da base acusam o atual comandante-geral da PM, coronel Braguin, de ter se afastado da tropa e de priorizar pautas do oficialato, postura considerada uma traição por quem atua diariamente na linha de frente do policiamento ostensivo.
Historicamente, policiais militares que ingressaram na política no Brasil construíram suas trajetórias defendendo os praças, maioria absoluta da corporação e também o grupo mais exposto aos riscos da profissão. São soldados, cabos e sargentos que enfrentam o crime organizado, realizam abordagens, patrulhamentos e operações, mas seguem sendo os mais prejudicados quando o tema é valorização profissional.
Na avaliação da base, os salários permanecem defasados, sem proporcionalidade em relação aos vencimentos do oficialato. Mesmo em momentos em que o Poder Executivo teve condições de corrigir distorções históricas, não houve avanços concretos. O resultado, segundo os praças, é um abismo crescente dentro da própria corporação, que alimenta o sentimento de abandono institucional.
Nesse contexto, o nome do coronel Braguin passou a ser alvo de críticas mais duras. Para os praças, diferentemente de outros militares que se projetaram politicamente defendendo a tropa, o atual comandante teria optado por um caminho oposto, utilizando o cargo e o simbolismo da farda para projeção política pessoal, com vistas a uma possível candidatura ao governo do estado.
Ao comentar essa realidade, Samuel Costa foi direto. Segundo ele, gestos simbólicos não resolvem problemas reais enfrentados pelos policiais.
“Beijo na testa e tapinha nas costas não pagam conta de servidor público que enfrenta o crime organizado. Não adianta o policial aparecer bonitinho em vídeo de TikTok e, quando termina o plantão, voltar para casa de carro velho ou de moto com pneu careca, documentos atrasados e salário insuficiente”, afirmou.
Para o pré-candidato, a valorização do policial se resume a ações concretas. “Só existem dois tipos de valorização: melhores condições de trabalho e valorização salarial. O resto é conversa fiada”, declarou.
Costa também afirmou que, caso venha a governar Rondônia, a política de segurança pública será pautada no respeito ao servidor público estadual. “Se eu tiver a honra de servir o meu estado, servidor público não vai receber salário de miséria. Vamos resgatar a autoestima de quem trabalha de verdade e ajuda Rondônia a se desenvolver”, disse.
Por fim, o pré-candidato defendeu uma reestruturação ampla da segurança pública, com apoio do governo federal. Segundo ele, parcerias com o Ministério da Justiça e Segurança Pública permitirão mudanças profundas e necessárias. “O que deu certo vamos continuar fazendo, e o que deu errado vamos mudar”, concluiu.
Enquanto o comando da Polícia Militar segue sob críticas, soldados, cabos, sargentos e bombeiros militares praças reforçam uma cobrança antiga e cada vez mais urgente. A exigência é clara: dignidade, respeito e valorização concreta para quem sustenta, na prática, a segurança pública de Rondônia.










































