A Câmara dos Deputados apresenta um baixo engajamento médio no tema da igualdade racial. A conclusão é de uma pesquisa publicada em Brasília, nesta terça-feira, 9 de dezembro de 2025. O estudo, chamado Ranking Igualdade Racial 2025, combina o uso de Inteligência Artificial (IA) com análise humana para avaliar o trabalho de 571 parlamentares.
O ranking analisou 37 mil atividades legislativas, incluindo votos nominais, discursos, pareceres, emendas e substitutivos. Ele foi realizado pelo Instituto de Referência Negra Peregum, em parceria com a Fundação Tide Setúbal e com o Grupo de Estudos Multidisciplinar da Ação Afirmativa (Gemaa) da UERJ.
Notas Caem de Forma Abrupta
Os parlamentares recebem notas que variam de -10 (mais baixa) até +10 (mais alta). O cálculo é feito a partir de posições favoráveis ou contrárias a projetos que promovam a igualdade racial ou que impactem a população negra, segundo a avaliação das organizações.
A coordenadora de Advocacy do Instituto Peregum, Ingrid Sampaio, destacou que as notas dos deputados e deputadas caem de forma abrupta após os 50 primeiros colocados. A partir desse grupo, a pontuação cai para notas próximas a três.
“Essa queda brusca faz a gente perceber que existe, sim, algum engajamento incipiente, mas que os parlamentares mais engajados precisam fazer muito esforço para compensar a falta de empenho dos demais,” assegurou Ingrid Sampaio.
A especialista ainda afirmou que o baixo engajamento se deve ao fato de a pauta racial ser um tema desconfortável para o Congresso Nacional. “É uma decisão política que a pauta não avance,” complementou. Historicamente, o movimento negro brasileiro defende políticas públicas para reduzir a desigualdade de renda, visto que a renda de pessoas negras corresponde, em média, a apenas 58,3% da renda de pessoas brancas.
Engajamento por Gênero e Partidos
A pesquisa aponta que parlamentares negros, mulheres e indígenas são os que mais impulsionam as pautas raciais, com maior atuação em votações, discursos e pareceres.
Mulheres: Mesmo representando apenas 20% da Câmara, as mulheres ocupam a maior parte das primeiras posições do ranking.
Representatividade: Ingrid Sampaio acrescentou que a presença de mulheres e pessoas não brancas no Congresso influencia as políticas públicas e a qualificação dos debates.
O ranking mostra que as primeiras colocações são ocupadas, majoritariamente, por membros de partidos de centro-esquerda. No entanto, há alguns parlamentares de direita ou centro-direita entre os primeiros 50 colocados. Ingrid Sampaio destacou que esses parlamentares, em alguns casos, atuam em apoio à pauta, contrariando suas próprias bancadas.
Maiores e Menores Notas do Ranking
O levantamento apresentou as notas dos parlamentares com maior e menor pontuação:
| Maiores Notas | Menores Notas |
| Erika Kokay (PT-DF): +10.000 | Junio Amaral (PL-MG): -10.000 |
| Daiana Santos (PCdoB-RS): +9.997 | Helio Lopes (PL-RJ): -9.635 |
| Talíria Petrone (PSOL-RJ): +9.842 | Chris Tonietto (PL-RJ): -9.098 |
| Célia Xakriabá (PSOL-MG): +9.733 | Delegado Ramagem (PL-RJ): -8.859 |
| Tabata Amaral (PSB-SP): +9.715 | Delegado Paulo Bilynskyj (PL SP): -8.632 |












































