A confissão de Jair Bolsonaro de ter danificado sua tornozeleira eletrônica com um ferro de solda não pode ser reduzida a um “ato maluco” ou a um surto momentâneo. Trata-se de uma violação consciente de ordem judicial, em plena prisão domiciliar, que expõe sua postura reiterada de confronto com as instituições.
Isso reforça a percepção pública de seu instinto indisciplinar golpista, que remonta ao período militar, quando era conhecido na caserna como “Cavalão”.
As declarações inconsequentes de seus filhos, internas e externas, também contribuíram para a prisão de Bolsonaro. Por exemplo, o senador Flávio Bolsonaro, em vídeo, convocou correligionários a fazer vigília e orações nas proximidades da casa do pai, com objetivos questionáveis.
Do ponto de vista jurídico, o episódio configura descumprimento de medida cautelar, fundamento suficiente para a decretação da prisão preventiva pelo ministro Alexandre de Moraes. Não se trata de excentricidade: é desobediência deliberada.
Politicamente, o gesto reforça a imagem de indisciplina que acompanha Bolsonaro desde a caserna e projeta-se em sua atuação pública. Ao desafiar sistematicamente decisões judiciais, ele mina qualquer argumento de credibilidade perante o STF e agrava sua situação legal.
Em resumo, a tornozeleira não foi apenas um objeto danificado: tornou-se símbolo de uma conduta que afronta a Justiça e confirma a disposição de Bolsonaro em tensionar os limites institucionais. Como ironizou a voz popular: “Depois de Jesus da Goiabeira, agora as vozes da tornozeleira”.









































