Após a megaoperação que investiga a adulteração de combustíveis e a ligação com o PCC, especialistas explicam ao consumidor como identificar se seu carro foi abastecido com gasolina ou etanol adulterado. O metanol, uma substância altamente inflamável e tóxica, foi identificado nas investigações como um dos solventes utilizados na mistura.
A adulteração geralmente ocorre com a adição de água, nafta ou outros solventes, além de uma quantidade de etanol acima do permitido por lei (30% para a gasolina). Esses componentes podem causar danos ao motor e outros problemas no veículo.
Sinais de gasolina e etanol adulterados
Um dos primeiros sinais de que o carro foi abastecido com combustível adulterado pode ser a luz do painel indicando problema. O mecânico Orli Robalo explica que o combustível alterado satura a leitura dos sensores e aciona a luz de alerta. Outros indícios incluem:
Perda de potência: O pedal do acelerador fica “borrachudo”, exigindo mais força para atingir a mesma velocidade.
Consumo elevado: O consumo médio do veículo pode cair drasticamente, cerca de 30%, fazendo com que o tanque esvazie mais rápido.
Ruído incomum: Um ruído no motor, parecido com o de uma corrente de bicicleta, pode ocorrer, especialmente em saídas e subidas.
Dificuldade de partida: O carro pode apresentar dificuldade para ligar, principalmente nas manhãs mais frias.
Odores estranhos: O cheiro de solvente ou querosene pode sair pelo escapamento do veículo.
O que fazer para evitar a fraude
É possível identificar a adulteração antes mesmo de abastecer. De acordo com José Luiz de Souza, especialista da Agência Nacional do Petróleo (ANP), os postos de combustíveis devem ter kits para testes.
No caso da gasolina, é possível coletar 50 ml do combustível e misturar com a mesma quantidade de água e sal. O etanol presente na gasolina se juntará à água. Após 10 minutos de repouso, os líquidos devem se separar, e o líquido na parte superior deve ser a gasolina.
Ainda, o coordenador Eustáquio de Castro, da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), explica que o teste de densidade é uma boa ferramenta. O densímetro para a gasolina não deve apontar mais que 0,75425 t/m³. Se o valor for menor, pode ser um sinal de adulteração por nafta, um solvente de densidade mais baixa.