Na aragem do vento brando que sopra a casa ribeirinha, afugentando as abjeções aviltantes da ganância humana, e fugindo do abrutamento exacerbado do mundo lá fora, o lar beiradeiro descansa em paz, distante da escabrosidade desumana que mata e enterra sem nenhuma inteireza de comiseração.
O fulgente e desmesurado abrigo, abre as portas aos deuses da mata, abre as janelas às encantarias florestais, abre o lar à celebração estetizante dos sentidos, abre os braços para a liberdade dormir, abre o sentimento para sentir o pertencimento, e abre a alma para a exuberância cósmica se alojar e eternamente viver.
Na celebração da viscosa casa e no esplendor da espiritual lacuna entre os plantões adormecidos do sol e da lua, não há luxúria nem conturbação que debilite ou degrade a emoldurada dádiva da natureza, adornada pela enteléquia e arquétipo da evolução embelecida da alma humana ribeirinha.
No labirinto simbolizado por varadouros e estradas de seringa, e codificado de mapas mentais, elaborados por mateiros e toqueiros dos antigos seringais amazônicos, as coletividades ribeirinhas herdaram a ontológica herança cultural de sobreviverem entranhadas à mata, e dela, arrancarem o sagrado pão da sobrevivência.
Na divergência crucial de diferentes mundos de um mesmo planeta, os opostos não se cruzam, os modos de vida não se entrelaçam, os léxicos são antagônicos, e somente a paz continua lavando os pés na beira do rio.








































