Um dos principais focos da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30), realizada em Belém, é o compromisso dos países em conter o aquecimento global. A meta central, estabelecida pelo Acordo de Paris, é limitar o aumento da temperatura média global a 1,5°C acima dos níveis pré-industriais.
No entanto, a cientista Marina Hirata alerta que esta meta já se mostra distante. Marina, que é membro do conselho científico da COP30 e ligada ao Instituto Serrapilheira, explicou que a Terra já subiu de uma média de 15°C para 16,3°C. Este aumento de cerca de 1,31°C aproxima o planeta do ponto de não retorno.
Ao ultrapassar o limite de 1,5°C, o planeta entra em um fenômeno chamado overshooting. Nele, o aquecimento global excede o limite seguro por um determinado tempo, o que pode causar transformações graves e irreversíveis em sistemas naturais essenciais.
Necessidade de Virar a Curva das Emissões
Segundo a cientista, o esforço crucial agora é manter o aumento da temperatura pelo menor tempo possível. “Já deveríamos ter virado a curva das emissões entre 2020 e 2025. Isso não aconteceu. Agora, o esforço é manter esse aumento pelo menor tempo possível”, alertou Hirata.
A especialista utilizou uma analogia para explicar a fragilidade do sistema terrestre. “Podemos pensar nesses sistemas como o corpo humano. Um problema em um órgão tem consequência em outros. No caso do planeta, se os corais desaparecem, o oceano aquece e a Amazônia enfrenta secas mais extremas, todo o sistema terrestre enfraquece”.
Ciência e Sociedade Contra a Crise
A comunicação é vista por Marina Hirata como um elemento chave para conter a trajetória do aquecimento global. Ela enfatiza a necessidade de melhorar a conexão entre ciência e sociedade para impulsionar ações. O Pavilhão de Ciências Planetárias na Zona Azul da COP30 serve como um exemplo desse esforço.
“Os cientistas têm linguagem muito técnica. Precisamos aprender a nos comunicar melhor e trabalhar em pares, como jornalistas e cientistas”, disse Hirata. Ela defende que traduzir conceitos como ‘ponto de não retorno’ para o cotidiano das pessoas é essencial.
A cientista também destacou a importância das ações coletivas, seja através de mobilização social, escolhas políticas ou atitudes cotidianas que engajem a população. “O ser humano funciona muito em efeito manada. Precisamos agir no nosso cotidiano, ser exemplo para outras pessoas”, concluiu Marina Hirata.










































