A deputada estadual Dani Monteiro, presidente da Comissão de Defesa dos Direitos Humanos e Cidadania (CDDHC) da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), comparou a Operação Contenção ao Massacre do Carandiru. A ação policial, que ocorreu nos complexos do Alemão e da Penha, já contabiliza cerca de 120 mortes.
“Se esses dados se confirmam, tem uma violação maior que o Carandiru. Então, se torna a maior violação cometida pelo Estado na história da nossa redemocratização”, declarou Dani Monteiro. A afirmação foi feita nesta quarta-feira (29), durante o acompanhamento dos desdobramentos da operação, realizado pela comissão em parceria com diversas instituições.
Chacina e condenações internacionais
O Massacre do Carandiru, ocorrido em 2 de outubro de 1992, resultou na morte de 111 detentos após uma intervenção policial em São Paulo. De acordo com a parlamentar, ações com mais de seis mortos já podem ser consideradas chacinas, segundo a ciência.
Dani Monteiro destacou que, nesta quarta-feira, o Estado brasileiro foi demandado pela Organização das Nações Unidas (ONU) para prestar esclarecimentos sobre a ação no Rio. A deputada lembrou que o governo brasileiro tem um histórico de condenações por violações de direitos humanos em operações similares.
Crítica à falta de investigação e câmeras
A presidente da CDDHC/Alerj criticou a forma como a operação foi conduzida. Ela afirmou que o mínimo esperado seria a investigação prévia para confirmar se as pessoas mortas estavam, de fato, envolvidas com o crime organizado.
A deputada acrescentou que a ausência de câmeras corporais impede a confirmação de uma possível reação violenta por parte de traficantes que justificasse o uso escalonado da força. “Esses dois elementos que eu trago, que são as câmeras corporais e a investigação prévia, não ocorreram”, pontuou.
Dani Monteiro acompanha o deslocamento de familiares e corpos. O trabalho visa garantir a autópsia e iniciar a investigação sobre o histórico criminal dos mortos. A parlamentar classificou como “leviano” o posicionamento do governador, que disse poder classificar tranquilamente a maioria dos mortos como criminosos.
Suporte e cobrança de perícia
Equipes da Comissão de Direitos Humanos prestam suporte aos familiares das vítimas no local. Dani Monteiro informou que não há executivos do governo do estado na favela, e que os corpos estão sendo retirados da mata e dos becos pelos próprios moradores locais e levados ao Instituto Médico Legal (IML). A presidente ressalta a importância de perícia no local e exame de balística.
Nessa terça-feira (28), a comissão oficiou o Ministério Público do Estado, as polícias Civil e Militar, e o Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), solicitando informações urgentes sobre o planejamento e a execução da operação, com especial atenção ao uso da força.
“O que vimos no Alemão e na Penha é o retrato de um Estado que perdeu qualquer limite”, afirmou Dani Monteiro em nota. A comissão também manifestou solidariedade aos familiares dos policiais mortos, reafirmando que todas as vidas importam e que a violência não pode ser política pública.






































