A Justiça do Rio de Janeiro aceitou a denúncia do Ministério Público fluminense e tornou Mauro Davi dos Santos Nepomuceno, o rapper Oruam, réu por tentativa de homicídio qualificada. A decisão, proferida pela juíza Tula Correa de Mello da 3ª Vara Criminal, também inclui Willyam Matheus Vianna Rodrigues Vieira, amigo do artista. O incidente ocorreu em 21 de julho de 2025, quando policiais foram à casa de Oruam, no bairro Joá, zona oeste do Rio de Janeiro, para cumprir um mandado de busca e apreensão de um adolescente que estaria no local. Segundo a denúncia do Ministério Público, a tentativa de homicídio se deu com o arremesso de pedras, de alturas de 4,5 metros, com pesos variando entre 130 gramas e 4,85 quilos.
A nova denúncia foi apresentada na segunda-feira, 28 de julho de 2025. O funkeiro está preso preventivamente desde o dia 22 deste mês, quando se entregou à Polícia Civil, conforme comunicado aos seus fãs nas redes sociais.
Acusações e Desdobramentos Legais
Oruam enfrenta múltiplas acusações, com crimes apresentados em duas ações penais distintas.
Inicialmente, Oruam foi acusado de associação ao tráfico de drogas, tráfico de drogas, resistência, desacato, dano, ameaça e lesão corporal. A acusação inicial considerou como tentativa de ameaça o fato de o rapper ter afirmado ser filho de Marcinho VP, um dos principais líderes da facção criminosa Comando Vermelho. Os crimes foram desdobrados em duas ações penais, ajuizadas por diferentes promotorias. A 1ª Promotoria de Justiça de Investigação Penal Territorial da Área Zona Sul e Barra da Tijuca ofereceu denúncia contra Oruam e Willyam Matheus Vianna em 28 de julho, no inquérito referente à tentativa de homicídio. Já a Promotoria de Justiça junto à 27ª Vara Criminal da Capital apresentou denúncia, em 29 de julho, em outro inquérito que trata de crimes como lesão corporal, tentativa de lesão corporal, resistência com violência, desacato, ameaça e dano ao patrimônio público. Nesta segunda ação, além de Oruam e Willyam, respondem Pablo Ricardo de Paula Silva de Morais e Victor Hugo Vieira dos Santos.
A Decisão da Magistrada
A juíza Tula Correa de Mello fundamentou sua decisão na repercussão negativa das ações do rapper na sociedade.
Na decisão que tornou Oruam e seu amigo Willyam Matheus Vieira réus, a juíza Tula Correa de Mello afirmou que “percebe-se que as ações dos acusados, em especial Oruam, repercutem de modo negativo na sociedade que incitam a população à inversão de valores estabelecida contra as operações feitas por agentes de segurança pública, conforme se depreende também pelas demais repercussões, causando profundo abalo social”. A magistrada acrescentou que Oruam, com sua visibilidade como “artista”, é uma referência para outros jovens. Ela salientou que esses jovens “podem acreditar que a postura audaciosa de atirar pedras e objetos em policiais é a mais adequada e correta, sem quaisquer consequências. A paz pública, portanto, depende de medidas firmes e extremas, como a prisão, a fim de que seja preservada”, concluiu a juíza. Como já possui prisão preventiva decretada, o rapper Oruam foi encaminhado de volta ao presídio Bangu 3, onde permanece à disposição da justiça, aguardando julgamento.