O tenente-coronel do Exército Rafael Martins de Oliveira negou nesta segunda-feira, 28 de julho de 2025, ter recebido uma sacola com dinheiro de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro. Oliveira é um dos 31 réus do núcleo 3 da denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) sobre a trama golpista. O militar, que está preso desde o ano passado, foi interrogado por videoconferência pelo juiz auxiliar do ministro Alexandre de Moraes, relator do caso.
Acusações e Depoimentos na Trama Golpista
As investigações apontam que Rafael Martins de Oliveira é acusado de participar das ações do plano “Punhal Verde-Amarelo”. Segundo a Polícia Federal (PF), este plano golpista visava assassinar diversas autoridades em 2022, incluindo o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o vice-presidente Geraldo Alckimin e o ministro do STF Alexandre de Moraes.
Conforme a delação premiada de Mauro Cid, o general Braga Netto, também réu na trama golpista, teria repassado uma sacola com dinheiro para Cid, que então a entregou a Oliveira. O dinheiro seria usado para financiar o plano golpista, embora Cid não tenha especificado o valor. Durante seu depoimento, o tenente-coronel negou ter recebido a sacola e contestou veementemente a delação de Mauro Cid. “Toda essa história de dinheiro, ela se baseia em um único pilar, a palavra do coronel delator. Ele que afirma ter recebido uma sacola lacrada de vinho, que ele não viu o que tinha dentro, ele presumia que tinha dinheiro”, declarou Oliveira. No mês passado, Braga Netto também negou ter repassado dinheiro a Cid.
O Interrogatório e os Réus
Durante o interrogatório, Rafael Martins de Oliveira optou por não responder às perguntas da acusação, feita pela PGR, nem do juiz auxiliar. Ele respondeu apenas aos questionamentos de sua própria defesa. Como réus, os acusados têm o direito de permanecer em silêncio durante o interrogatório. Antes do início do depoimento, o tenente-coronel teve de retirar a farda, conforme determinação do ministro Alexandre de Moraes.
O STF interrogou nesta segunda-feira nove militares do Exército e um policial federal que fazem parte do núcleo 3 da denúncia da PGR. Parte desses militares pertencia ao Batalhão de Forças Especiais do Exército, cujos soldados são conhecidos como “kids pretos”. Os denunciados deste núcleo são acusados de planejar “ações táticas” para executar o plano golpista, incluindo o monitoramento de Alexandre de Moraes e do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Os réus interrogados foram:
Bernardo Romão Correa Netto (coronel)
Estevam Theophilo (general)
Fabrício Moreira de Bastos (coronel)
Hélio Ferreira (tenente-coronel)
Márcio Nunes de Resende Júnior (coronel)
Rafael Martins de Oliveira (tenente-coronel)
Rodrigo Bezerra de Azevedo (tenente-coronel)
Ronald Ferreira de Araújo Júnior (tenente-coronel)
Sérgio Ricardo Cavaliere de Medeiros (tenente-coronel)
Wladimir Matos Soares (policial federal)