O general Estevam Cals Theophilo Gaspar de Oliveira confirmou nesta segunda-feira, 28 de julho de 2025, ter se reunido com o ex-presidente Jair Bolsonaro em dezembro de 2022. No entanto, em seu interrogatório no Supremo Tribunal Federal (STF), ele reiterou que o encontro foi um “monólogo”, no qual ouviu um desabafo do então mandatário sobre o processo eleitoral em que havia sido derrotado.
O militar é réu do núcleo 3 da trama golpista. Este grupo, composto por dez réus, é acusado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) de praticar ações de campo em prol do golpe e de promover uma campanha para convencer o alto comando das Forças Armadas a aderir ao complô.
Versão do general e mensagem de Mauro Cid
Estevam Theóphilo aparece na denúncia da PGR em uma mensagem trocada entre o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro e delator da trama golpista, e o tenente-coronel Bernardo Romão Correa Neto. No texto, Cid diz a Correa que o general “quer fazer, desde que o PR assine”. Para a PGR, isso indicaria que Estevam Theóphilo teria se colocado à disposição para uma eventual tomada de poder durante a reunião no Palácio do Alvorada, em 9 de dezembro de 2022.
Assim como já havia feito em depoimento à Polícia Federal, Theóphilo negou qualquer envolvimento ou sequer proximidade com os demais envolvidos na trama golpista. Ele afirmou que a reunião foi um “monólogo”, no qual buscou consolar o ex-presidente. O general citou o depoimento do general Freire Gomes, comandante do Exército em dezembro de 2022, que, como testemunha no processo, disse ter ele mesmo ordenado Theóphilo a ir ao encontro do ex-presidente em seu lugar, pois havia sido convocado para uma reunião com Bolsonaro mas se encontrava fora de Brasília na ocasião.
Pela narrativa da PGR, a resistência de Freire Gomes em aderir ao complô foi um dos principais fatores para o fracasso da tentativa de golpe. Nesse sentido, Theóphilo observou que “jamais o general Freire Gomes ia mandar alguém para conversar com ele [Bolsonaro] que quisesse acirrar os ânimos, ao contrário”. O general reiterou: “Não me foi apresentado qualquer documento nem me foi proposto nenhuma coisa ilegal ou inconstitucional, de forma que eu pudesse aderir ou não, enfatizo isso aqui”.
Interrogatórios no STF
O Supremo Tribunal Federal (STF) realiza nesta segunda-feira (28) os interrogatórios do núcleo 3 da trama golpista, que é formado por nove militares e um policial federal. O grupo é acusado de realizar ações de campo para consumar o golpe, colocando em marcha um plano para “neutralizar” adversários, e também de promover uma campanha para pressionar o alto comando das Forças Armadas a aderirem ao complô golpista.
Confira a lista dos réus que estão sendo interrogados nesta segunda:
Bernardo Romão Correa Netto (coronel)
Estevam Theóphilo (general)
Fabrício Moreira de Bastos (coronel)
Hélio Ferreira (tenente-coronel)
Márcio Nunes De Resende Júnior (coronel)
Rafael Martins de Oliveira (tenente-coronel)
Rodrigo Bezerra de Azevedo (tenente-coronel)
Ronald Ferreira de Araújo Júnior (tenente-coronel)
Sérgio Ricardo Cavaliere de Medeiros (tenente-coronel)
Wladimir Matos Soares (policial federal)