Os rios mais conhecidos do Departamento de Pando são: Acre, Abuná, Orthon, Manuripi, Tahuamanu e Madre de Dios. Além de outros rios, existe o rio Mamu, também conhecido por Manu ou Mapiri, e que é objeto de estudo desta pesquisa. O rio Mamu tem aproximadamente 166 km de extensão e é um dos principais afluentes do rio Abunã, que possui uma extensão aproximada de 375 km. Além do rio Mamu, o Abunã possui também outros importantes afluentes, tais como, Negro, Kharamanu, Rapirrán e Chipamanu.
O rio Mamu tem sua foz no Município de Santos Mercado – província Federico Román[1], e nasce no Município de Santa Rosa Del Abuná[2] – província de Abuná, conforme mapa abaixo da caracterização da área de estudo.
Depois de percorridos aproximadamente 195 km da sua nascente, o rio Abunã receberá as águas escuras de mais um importante afluente: o rio Mamu. O encontro dessas águas e o encantamento da floresta banhada por onde se estende as águas do Mamu, carregam no seu bojo uma notável história de colonização ocorrida durante os dois grandes ciclos da borracha da Amazônia e que de forma brilhante resiste até hoje aos avanços avassaladores da era da globalização, preservando uma rica biodiversidade existente nos seringais nativos da região pandina boliviana.
O rio Mamu é um dos mais belos afluentes do rio Abunã e preserva uma riqueza histórica ainda pouco conhecida no cenário binacional Brasil-Bolívia. A presença do homem seringueiro nos seringais do rio Mamu tem, portanto, um longo percurso histórico de luta e sobrevivência que demonstra importante relação entre o homem e a natureza e sua relevante posição fisiográfica e humana no heterogêneo mundo amazônico.
A floresta brasiviana tem no encontro dessas águas uma importante marca que contribui na formação identitária dos homens seringueiros. A floresta possui um majestoso espaço cosmogônico munido de presentificações e representações simbólicas edificadas pelo imaginário humano ribeirinho.
A foz do rio Mamu brilha diante de um magnífico encontro de águas que brincam com suas cores liquidas. Águas amareladas e negras se encontram, se misturam, se abraçam e constituem uma tonalidade negro amarelada que provoca e promove o surgimento peculiar, prazeroso e sublime de um momento majestoso da natureza na fronteira Brasil/Bolívia.
As cores que brotam deste encontro maravilhoso de águas são também observadas em silêncio pela cor verdejante da deslumbrante mata de suas margens. Após o encontro das águas, as águas do rio Mamu mudam de cor e tornam-se mais claras num tom quase azul-verdejante.
O rio Mamu, apesar de suas belezas exuberantes, é considerado um rio Muito perigoso em sua navegação, principalmente em épocas de verão, quando as águas baixam e diversas toras de madeira ficam caídas no leito e nas margens do rio. É um rio de grandes curvaturas, e as manobras tornam-se bastante arriscadas.
[1] A província do general Federico Román é uma província do departamento de Pando, na Bolívia. Esta província tem uma área de 13.200 km², sendo a segunda maior área do departamento e uma população estimada para o ano de 2006 de 3.045 habitantes e uma densidade de 0,23 hab / km² sendo uma das mais baixas do país. Recebeu seu nome em homenagem ao herói militar Federico Román.
[2] A Província de Abuná que fica localizada no Departamento de Pando. Suas fronteiras se estendem ao Norte com o Brasil, a Leste com a Província de Federico Román, a Oeste com a Província de Nicolás Suarez e ao Sul com a Província de Manuripi. Sua população em 2005 era de 3.475 habitantes, e em 2010, atingiu 3.729 habitantes. Sua capital é a cidade de Santa Rosa del Abuná.