No início da década de 1970 na Amazônia Sul – Ocidental brasileira, a resistência dos povos da floresta para manter vivo os seringais, não foi apenas palco dos inúmeros “empates” realizados contra a grilagem de terras. Essa resistência também se estendeu ao advento das primeiras escolas que nasceram no coração de diversas colocações de seringa.
Enquanto as batalhas eram travadas entre seringueiros e grileiros, outras batalhas surgiam no meio da mata: eram meninas e meninos que iniciavam os seus estudos nas escolinhas dos seringais amazônicos na incansável busca pelo conhecimento e na imensa vontade de estudar para aprender.
Diante da insidiosa agonia da morte que as famílias ribeirinhas travavam contra a opressão, a esperança pela libertação surgia nas primeiras lições do ABC, lições que abriam virtuosos caminhos ao direito de ensinar e aprender.
No deslumbramento inefável do lápis e do caderno, era plantado ali uma semente sem mácula, um ensino benévolo e libertador, uma sala de aula devaneante, uma união relutante e uma encantadora exaltação de um ensino – aprendizagem vitorioso e divinal.
As crianças avançaram, o ensino prosperou, a resistência venceu e os degraus da faculdade chegaram. Foi dado a largada e agora meninos e meninas são moças e rapazes do mundo acadêmico. Juntos, eles carregam um rico imaginário sócio-linguístico-cultural e agora estão envolvidos na impoluta missão de governarem o país: uma lição de vida.