O tapiri como marcador territorial histórico tornou-se uma tradicional unidade familiar, síntese do resultado de uma existência humana criadora de cultura, alicerçada nas obras da natureza. O tapiri é o guardião da família seringueira.
O tapiri brasiviano do rio Mamu – Floresta pandina boliviana – carrega um rico legado de vivências desde os primórdios do primeiro ciclo da borracha. O tapiri também traz em suas dependências uma diversidade de elementos simbólicos que foram sendo construídos com a dinamização de suas espacialidades.
Nesse espaço de ação, o tapiri aloja os sentimentos da família. A linguagem do espaço vivido é repassada ao lar como a mais natural forma de se criar e manter uma tradição. A presença humana lapida a existência, e a busca pelo conhecer dessa existência, é também a busca pelo conhecer do ser.

O tapiri como a casa do seringueiro integrou-se ao seu ser, pois conforme nos esclarece o escritor Gaston Bachelard, na vida do homem, a casa afasta contingências, multiplica seus sonhos de continuidade. Sem ela, o homem seria um ser disperso. Ela mantém o homem através das tempestades do céu e das tempestades da vida. É corpo e alma.
O seringueiro criou o tapiri no encontro de espacialidades, territorialidades e temporalidades, e neste encontro, a humilde barraca de palha, marcou profundamente os seus modos de vida, transformando-se num dos mais originais marcadores territoriais dos seringais amazônicos.