Em 2023, a Kanindé, Associação de Defesa Etnoambiental completa 31 anos em prol do meio ambiente e da sobrevivência dos povos originários em Rondônia. Símbolo de resistência na Região Norte, a Organização não governamental (ONG) atravessou as décadas denunciando e combatendo os crimes ambientais em torno dos territórios indígenas em Rondônia.

Sob a tutela de Ivaneide Cardozo, sócia-fundadora, a instituição lançou em 2018 um dossiê revelador acerca da situação das florestas no estado. O documento, apontava que mais de (500 mil hectares de florestas) estavam sob ataque, ameaçados por colonos ilegais e invasores.

Criada em 1992, a Associação de Defesa Etnoambiental Kanindé é uma organização da sociedade civil de interesse público. Ivaneide Cardozo, a “Neidinha Suruí” destacou o papel da Associação ao longo dos anos com foco na preservação do meio ambiente e no cuidado dos povos originários.
“Estamos no meio da Amazônia brasileira e sediados em Porto Velho. No entanto, a ONG também atua no Amazonas, Mato Grosso, Pará, etc. Desde a nossa fundação, trabalhamos com grupos étnicos em uma série de atividades que vão desde cursos e treinamentos, até níveis mínimos, reflorestamento e treinamento de agentes indígenas para combater ameaças”, explica, Cardozo.
Em reconhecimento aos trabalhos da instituição, a Câmara Municipal de Porto Velho (CMVPVH) promoveu nesta quinta-feira, (01), uma Moção de Aplausos. A manifestação pelo Legislativo municipal, chega em um momento que o país, segundo a coordenadora vem atravessando um ‘retrocesso’ com a aprovação do marco temporal das terras indígenas, o “PL 490/07”.

Cardozo, aproveitou o evento para criticar o que ela classifica como afronta aos direitos dos povos indígenas rondonienses tendo o projeto de Lei aprovado com a ajuda dos oito deputados federais. “Quem vota a favor do marco temporal é contra os povos indígenas”, disse.

Na cerimônia, a ativista Txai Suruí, (Walela Soet Xeige), também coordenando a Kanindé e a Juventude Indígena subiu ao púlpito para agradecer e revelar uma previsão acerca do futuro para aqueles que defendem o marco temporal como um instrumento que vai colocar fim aos crimes agrários e ao desmatamento. “Essas pessoas que atacam os direitos indígenas e que estão lá no Congresso Nacional, no futuro vão ter que se explicar para os seus filhos, netos, para as próximas gerações porque deles estarem praticando essa política”, prevê Txai.
A Moção de Aplausos foi uma iniciativa do parlamentar, Alex Palitot (PTB) que por meio do seu trabalho como educador, procura realizar um resgate histórico-cultural de Porto Velho e do estado.