Por Marquelino Santana
Em profundo estado de invisibilidade, arrebatados pelo ódio execrado da intolerância, e insolentemente desterrados pelo descalabro hostil de ações degradantes da sociedade envolvente, as minorias étnico-raciais amazônicas, resistem como podem às atrocidades beligerantes de um conciliábulo enrijecido por atividades delituosas e degradantes que aterrorizam as suas coletividades.
O conúbio afrontoso deflagrado historicamente contra os povos originários, continua ceifando vidas, espoliando valores milenares e ludibriando de forma tenebrosa, o espaço vivido de representações simbólicas ancestrais.
Narrativas míticas de um mundo transcendental estão sendo silenciadas, o pertencimento linguístico-cultural segue em execrável obliteração, enquanto a territorialidade indígena é criminalmente deteriorada pelas relações de poder do conservador modelo econômico de ocupação da Amazônia.
Enquanto a usurpação de identidades coletivas, continuar reinando desenfreada, e enquanto as experiências socioespaciais originárias continuarem sendo cotidianamente submetidas a hostilizações históricas horripilantes, certamente, a imagem geopolítica da Pan-Amazônia continuará danificando e abalando os pilares da democracia internacional.
Mas as nações indígenas não se rendem e não se curvam às banalizações estruturais do mundo vigente, seus direitos constitucionais não se transformarão em cinzas, e mesmo diante dessa exasperante demora, o enfrentamento às forças reacionárias, continuará sendo a principal marca dessa resistência.
Marquelino Santana é doutor em geografia, pesquisador do Grupo de Estudos e Pesquisas, Modos de Vida e Culturas Amazônicas – Gepcultura/Unir e pesquisador do grupo de pesquisa Geografia Política, Território, Poder e Conflito da Universidade Estadual de Londrina.