Autor: Emerson Barbosa
Você pode até não conhecer Rita de Cássia, mas ao ouvir clássicos como: Meu Vaqueiro, Meu Peão; Saga de um Vaqueiro; Onde Canta o Sabiá; Parabéns Meu Amor; No Voo da Asa Branca, logo associará as músicas a pessoa, ou melhor, a mulher que consagrou o ritmo do forró apaixonado no Brasil, a partir da década de 90.
“Me lembro que por volta de 1993, em Porto Velho, Rondônia, meus pais compraram um som e alguns discos de vinil, um desses discos era de (Mastruz com Leite), tocava canções lindas, nunca mais esqueci. Aliás, eu conheci o Nordeste pela primeira vez graças as letras traduzidas nas músicas compostas por Rita de Cássia”, declara a recepcionista, Marcilente Afonso que aos finais de semana não deixa reverenciar os clássicos do forró.
As canções de Rita de Cássia são impregnadas pelo regionalismo, traduzem minunciosamente, a vida intima do povo nordestino, nas agruras provocada em uma região castigada pela seca. Na canção, ‘Saga de um Vaqueiro’, Rita soube como ninguém traduzir o alento desse povo:
“Vou pedir licença pra contar a minha história, como um vaqueiro tem suas perdas e suas glórias, mesmo sendo forte o coração é um menino, que ama e chora por dentro e segue o seu destino”.
A morte, na terça-feira, (03), aos 49 anos, causada segundo empresário da cantora por 'fibrose pulmonar’, após ser internada desde o dia 01 de janeiro para tratamento, mais uma vez chamou atenção da mídia e dos brasileiros para o Nordeste, afinal, os mais jovens querem saber quem é Rita de Cássia.
Com mais de 500 músicas compostas, sem parceria, Rita de Cássia nasceu (Rita de Cássia Oliveira dos Reis) no dia 08 de agosto de 1972, na pequena Alto Santos, um dos 184 municípios do estado do Ceará. A música na vida dela começou desde muito cedo, em 1992, ‘Brilho da Lua’, foi a primeira composição gravada na voz da cantora Eliana, mas seria com a “Banda Mastruz com Leite” que Rita iria ver suas composições na boca do povo, explodindo em todo o Brasil.
“Meu Vaqueiro, Meu peão” projetaria Mastruz com Leite ao estrelato dando fama aos seus vocalistas como a cantora Kátia Cilene que iniciou no grupo, aos 16 anos, porque o dono da empresa teve que ir pessoalmente convencer o pai dela para que pudesse seguir cantando. No seu Instagram, Katia se despediu.
As despedidas a cantora e compositora nordestina começaram desde a noite de terça após o anúncio da sua morte, mas foi no velório, às 10 h, em Alto Santos, região do Vale do Jaguaribe (CE), que amigos, familiares e fãs puderam expressar o amor por Rita de Cássia. Pelo Twitter, o governador Elmano de Freitas (PT) descreveu a artista:
“O Ceará e o Brasil se despedem hoje da cantora e compositora cearense Rita de Cássia, uma das maiores referências do nosso forró”, lembrou.
No ginásio da cidade, o corpo de Rita foi velado ao som de violas, triângulos e acordeões, a cerimônia representava a expressão de quem dançou, se emocionou e se alegrou ao ritmo das canções da maior compositora de forró do mundo.
Rita foi enterrada às 17h no cemitério novo da cidade onde o corpo foi acompanhado por milhares de pessoas. A cantora deixa dois filhos, os quais declarava serem seus esteios durante a vida.