Autor: Marquelino Santana
Benedito Nunes chama-nos a seguinte atenção: “A Arte é uma forma de ação, cujos efeitos se produzem de maneira indireta, oblíqua, na proporção da transparência do mundo que exprime. Revelando-nos o humano em sua realidade e profundeza, forçando-nos a interiorizar essa revelação e assimilá-la à experiência, ela age sobre a nossa maneira de sentir e de pensar”.
Continuando a observar e instigar a realidade a que estão submetidos, os estudantes partem do princípio de que somente através de uma educação de qualidade é possível transformar a situação vigente, desde que essa transformação seja conduzida por agentes visionários que pleiteiam o bem-estar social de todos.
Sendo assim, esses jovens marcham como verdadeiros sujeitos históricos que agindo de forma crítica e consciente, e dotados de uma visão holística de mundo, serão capazes de construírem e reconstruírem uma sociedade menos perversa e mais justa em seus direitos e garantias fundamentais.
É marchando na luta que se transforma a história, e sendo a escola o espaço que congrega as diferentes diferenças, não há espaço para a adoção do autoritarismo, mas há espaço para um convívio democrático entre alunos, professores e comunidade escolar, rumo a um mundo melhor.
Paulo Freire esclarece que “nem a arrogância é sinal de competência nem a competência é causa de arrogância. Não nego a competência, por outro lado, de certos arrogantes, mas lamento neles a ausência de simplicidade que, não diminuindo em nada seu saber, os faria gente melhor. Gente mais gente”.
Enquanto isso, Neidson Rodrigues alerta que “o cidadão crítico não é apenas aquele que é capaz de fazer a crítica da consciência. Ele tem que dominar, necessariamente, o conhecimento daquilo que vai criticar”.
A arte na escola nos revela o exercício pleno de cidadania, dispensando qualquer som cacófato que venha pregar o infortúnio do preconceito, estereótipos e estigmatizações, em desfavor da tolerância e da liberdade de expressão.
Em nossas escolas devemos acolher com amor, tolerância e respeito, estudantes oriundos de várias regiões do país, de países vizinhos, de terras indígenas, de terras quilombolas, e demais povos que chegam a escola para enriquecer os valores sócio – linguístico – culturais através de uma gestão escolar que possua uma visão holística de mundo.
A arte na escola se entrelaça ao bem viver e a qualidade de ensino, almejando sepultar o preconceito e o sentimento de tristeza e frustração. No espaço escolar não há lugar para o desprezo e arrogância, não há lugar para a insolência e enclausuramento, não há lugar para o engodo e escárnio, não há lugar para a xenofobia malevolente, mas há sim, lugar para a fenomenologia do bem viver, para um currículo intermulticultural e para uma axiológica pedagogia do amor.
Marquelino Santana é doutor em geografia, pesquisador do Grupo de Estudos e Pesquisas, Modos de Vida e Culturas Amazônicas – Gepcultura/Unir e pesquisador do grupo de pesquisa Geografia Política, Território, Poder e Conflito da Universidade Estadual de Londrina.