Autor: Marquelino Santana
Obstinados e intrépidos na incansável luta em desfavor do asfixiamento de suas terras e da desterritorialização histórica de suas coletividades originárias, os povos indígenas continuam resistindo a aversão, a extirpação e à execração criminosa da sociedade afrontosa envolvente.
O alijamento e o infortúnio cometido contra as suas populações, continuam postos ao calvário, condenados às regras do calabouço e ao cerco coercitivo da malevolência humana.
Sem complacência, tolerância ou brandura, os povos originários da Pan – Amazônia, continuam em colisão com a contumaz conturbação do poder culminante do capital.
Debilitados da delinquência ardil e da desorganização institucional generalizada, as nações indígenas ancestrais sobrevivem desnorteadas ao despautério estatal e a discrepância desidiosa estereotipada da globalização, que de forma esdrúxula continua enrijecendo a ruptura da relação harmoniosa entre os seus povos e a terra mãe.
Neste enigmático enfrentamento, entre o engodo e o esfacelamento histórico – cultural, entre o comportamento dominante exacerbado e os valores axiológicos ancestrais, as minorias étnico-raciais marginalizadas, padecem diante da própria vulnerabilidade e exaustão, em detrimento ao ódio profundo de uma sociedade hegemônica tacanha e violenta, que insiste em continuar desalojando almas e assassinando de forma fútil, o brilho transcendental e imaculado dos povos indígenas da Pan – Amazônia.
A ignobilidade social imbricou-se na ilicitude, o imbróglio aproximou-se rotineiramente da propina, e a inépcia de alguns setores do poder público, chega a contribuir para que um território constitucionalmente protegido se transforme num espaço de ação inóspito e lutulento.
Nesta clarividente claudicância, prevaricação e coercitividade, se faz urgente e necessário, agirmos com respeito e resiliência, e ao mesmo tempo, lutarmos contra o desmazelo desmedido, e a discrepância da depravação de costumes, no sentido de contermos a abominação pela mata e o advento arrepiante e hostilizado do império das cinzas.
Marquelino Santana é doutor em geografia, pesquisador do Grupo de Estudos e Pesquisas, Modos de Vida e Culturas Amazônicas – Gepcultura/Unir e pesquisador do grupo de pesquisa Geografia Política, Território, Poder e Conflito da Universidade Estadual de Londrina.