“Nada de “lockdown”, apenas medidas de isolamento deverão ser suficientes para reduzir os casos e mortes pelo novo coronavírus”. A afirmação foi descrita, há alguns dias, pelo governador de Rondônia, coronel Marcos Rocha (sem partido), em um dos seus discursos, após ter seu governo acusado pelo promotor de Justiça Geraldo Henrique Ramos Guimarães, do Ministério Público de Rondônia, de fraudar números de leitos e evitar um fechamento total.
Mas o cenário em Rondônia tem mostrando que os decretos assinados pelo governador, de nada vêm surtindo o efeito esperado. A cada dia o número de casos do novo coronavírus (Sars-CoV-2) e mortes pela Covid-19 mostram o poder de um vírus letal que não encontra barreiras.
A quarta-feira (10), por enquanto ficará para a história causada pela infecção em Rondônia. No boletim, divulgado pela Agencia Estadual de Vigilância em Saúde (Agevisa/Ro), trouxe assustadoramente, 42 óbitos, um número jamais visto até o momento, desde o início da pandemia em março de 2020 em Rondônia.
“Não tem como frear a doença, enquanto o governo e os prefeitos brincarem de assinar “decretos”. A impressão é que eles não respeitam o que assinam. É inadmissível um estado com pouco mais de 1 milhão de habitantes ter mais mortes que um [Mato Grosso do Sul]. Logo mais quando o governo vier a público a culpa será dessa nova linhagem. Lembre-se, o problema já estava assim há bastante tempo”, destaca um médico virologista que prefere manter a discrição.
Na manhã de quarta-feira, Marcos Rocha levou ao Palácio Pacaás Novos, virologistas da Fundação Oswaldo Cruz Rondônia, e seu titular da saúde, Fernando Máximo. Aos jornalistas foi realizada uma espécie anuncio da atual situação do novo coronavírus no Estado, e os cuidados que a população deve manter com a nova linhagem da doença identificada como P.1, em que a contaminação é bem mais rápida. Segundo os pesquisadores, a variante do vírus já circula em território rondoniense.
Marilene Corrêa da Silva Freitas
Em depoimento para o site Acrítica, a Socióloga e professora da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), Marilene Correa, aponta outros fatores que levaram a explosão da Covid-19 na Região Norte. Segundo ela, passam por uma carência de educação higiênica, pela renda das populações mais vulneráveis, e pela falta de acesso às políticas básicas de saúde. As condições ambientais concorrem para a tragédia da contaminação com ambientes coletivos fechados em ar condicionados, logística complica por falta de estradas e meios de transportes regionais atrasados, urbanização precária, assim como condições de habitações subnormais, analisa.
O que de fato espera a história dos “destemidos pioneiros”, vai passar pelas reais medidas implementadas, de fato pelo governo, para conter o avanço do vírus, e das mortes. Do contrário, o final dessa história tem tudo para se tornar algo ainda mais trágico que essa atual realidade.